Um serviço de comes-e-bebes bem à portuguesa com a cagadeira portátil logo à mão de semear... num miradouro com vista panorâmica para o Oceano Atlântico |
Este verão, pelo que se tem
visto (e sentido no trânsito e por todo o lado), foi de enchentes.
Há mais visitantes,
portugueses e estrangeiros, na região do que em anos anteriores. Esta afluência
há de traduzir-se numa coisa bem simples: mais dinheiro. E isso é bom para o
concelho, para qualquer concelho ou cidade de um país que pode ser, todo ele,
um destino turístico de excepção.
Porque (talvez convenha
explicar bem explicadinho) há mais pessoas que vêm gastar mais aqui, em bens e
serviços, refeições e isto traduz-se em mais receitas para grande parte das
actividades económicas do concelho, em mais postos de trabalho (mesmo que sazonais)
e um estímulo à criação de emprego no sector turístico, e ao seu
desenvolvimento.
A enchente de visitantes também
se verificou na cidade de Caldas da Rainha, a capital do concelho. Mas ao
encontrar zonas da cidade de Caldas da Rainha transformadas em estaleiros, onde
a actividade comercial se tornou impraticável, não gastam. Vão-se embora.
Talvez não voltem nos próximos anos.
A devastação da capital do
concelho por obras sem prazo tem esta consequência bem clara: não há comércio.
E se não há comércio não há dinheiro. Os residentes sabem onde estão as
alternativas (nos supermercados fora do centro). Os visitantes talvez não
queiram ir meter-se nos supermercados (a maioria não quer) e iriam gastar dinheiro
no comércio, nos cafés e nos restaurantes da cidade. Ou na famosa Praça da
Fruta, onde se mantém um interminável processo de calcetamento.
E se vieram este ano em grande
número... talvez até gastassem mais se a oferta fosse diferente.
Só que os dirigentes
municipais de Caldas da Rainha (e a sua elite política e social, que abomina e
receia a mudança e tudo o que vem de fora) estão de costas voltadas para o
turismo.
Continuam a alimentar o mito
de um organismo regional de turismo, já extinto, que só fazia duas coisas: uma
espécie de profusa diarreia verbal e as tasquinhas da Expoeste. E olham para os
visitantes com um misto de repulsa: até porque ao contrário das empresas
locais, os gestores municipais não precisam do dinheiro dos turistas. Embora
precisem das empresas locais.
Com esta atitude é como se
lhes dissessem: turistas, vão-se embora!
O desleixo, o desmazelo e o
lixo acabam por ser as bandeiras do concelho.
E o maior exemplo de todos,
quando não se percorre uma estrada ou uma rua onde há sempre lixo no chão e
pendurado nas árvores, é o único miradouro que existe no concelho com uma vista
panorâmica para o Atlântico. Nele mora há tempo demais uma rulote de
comes-e-bebes e, há menos tempo, uma retrete portátil. E, à noite, as indispensáveis
caravanas.
O PSD caldense é isto: está ao
nível da rulote com a sua retrete portátil e da aprovação de um plano
megalómano para a zona da Estrada Atlântica, do qual nunca mais se ouviu falar,
e em circunstâncias que a passagem do tempo torna ainda mais duvidosas.
Até por ter envolvido todos os
membros da Assembleia Municipal que, sobre o assunto, e depois de terem
embandeirado em arco, deixaram que se instalasse um silêncio de chumbo. Ou de
ouro?
Talvez seja por isso que ninguém
gosta de quem vem de fora...
Usam árvores e postes para fazer publicidade à borla e depois deixam os plásticos a apodrecer |
Amanhã: O adeus às termas
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