terça-feira, 19 de agosto de 2014

A “dinâmica” da estagnação: como o PSD está a dar cabo de Caldas da Rainha (1)

O PSD ganhou as eleições autárquicas de Setembro do ano passado em Caldas da Rainha apregoando uma “nova dinâmica”. A dinâmica da dupla Tinta Ferreira/Hugo Oliveira está cada vez mais à vista por todo o lado: uma incompetência realmente dinâmica, porque nunca cessa, e o mergulho também imparável numa estagnação que ameaça tornar este concelho uma verdadeira irrelevância.
 


Caldas da Rainha, cidade-estaleiro

Caldas da Rainha é uma cidade pequena. Atravessa-se em quinze minutos.
As lojas, os serviços públicos, os supermercados de várias dimensões e o comércio de rua existem vários locais. Estacionar não é difícil até porque a pressão de trânsito é reduzida. E há tolerância, às vezes excessiva, por parte das autoridades para quem usa e abusa dessa facilidade.
Lisboa, Porto ou Viseu suportam obras públicas (as tais que passaram a ser imbecilmente conhecidas por “requalificação”) em simultâneo. Praças fechadas, largos esventrados, ruas fechadas, escavações... tudo isto pode coexistir em grandes cidades. Lisboa pode ter, talvez, vinte grandes obras públicas a decorrer ao mesmo tempo que o trânsito continuará a ser sempre infernal. Ninguém nota a diferença mas, lá está, Lisboa não se atravessa em quinze minutos. Nem em duas horas, talvez.
Como se pode ver pela montagem em baixo, a opção da Câmara foi fazer tudo ao mesmo tempo. Foi como um bombardeamento em grande escala. Quase como o bombardeamento de Dresden.


Um bombardeamento de incompetência
 
As obras começaram pouco antes do verão de 2013.
No mínimo, não houve planeamento. No máximo... talvez um dia se possa perceber se os supermercados ganharam com o afastamento dos clientes do centro da cidade e o encerramento, temporário ou definitivo, de tantas lojas e actividades comerciais.
O Modelo, o E. Leclerc, o Auchan (no centro comercial Vivaci) e os Pingo Doce e as lojas que albergam hão de ter ganho alguma coisa. E quem o facilitou terá sido devidamente recompensado?
Porque a chamada “regeneração urbana” (que foi mais uma verdadeira ruptura, e em alguns casos a destruição, do tecido urbano) não teve apenas um efeito de incómodo de pessoas, dos residentes e dos visitantes (afastados do centro).
Da Praça da Fruta, num caricato processo de calcetamento sem fim à vista, à Rua de Camões, a devastação foi considerável. E o fecho de lojas, bem patente nesta rua, é uma consequência da crise económica e financeira mas é também uma consequência das obras que bloqueiam os caminhos e afastam os visitantes.
As consequências são sociais e económicas.
Nenhuma gestão municipal racional, inteligente, preocupada com o seu concelho e os seus residentes, atenta aos problemas e capaz de planear, se lança num desvario de obras deste tipo na capital do concelho, sujeitas à triste sina dos atrasos sem fim.
A confissão do presidente da Câmara, há pouco tempo, de que “não se comprometia” com o calcetamento (um simples calcetamento de uma pequena superfície urbana sem acidentes de terreno!) da Praça da Fruta é a mais escandalosa confissão de impotência gestionária e política de quem não sabe o que anda a fazer num cargo público. E que desconhece o que é prestação de contas que devia ser a obrigação, pelo menos moral, dos políticos honestos.
Infelizmente, salvo vozes isoladas, não se ouvem os protestos que se deviam ouvir. E talvez seja por isso que a impunidade se mantém.

Amanhã: o desleixo, o lixo e o "show off"



Sem comentários: