O PSD ganhou as eleições autárquicas de Setembro do ano passado em Caldas da Rainha apregoando uma “nova dinâmica”. A dinâmica da dupla Tinta Ferreira/Hugo Oliveira está cada vez mais à vista por todo o lado: uma incompetência realmente dinâmica, porque nunca cessa, e o mergulho também imparável numa estagnação que ameaça tornar este concelho uma verdadeira irrelevância.
Caldas da Rainha, cidade-estaleiro |
Caldas da Rainha é uma cidade pequena. Atravessa-se em quinze minutos.
As lojas, os serviços públicos, os
supermercados de várias dimensões e o comércio de rua existem vários locais.
Estacionar não é difícil até porque a
pressão de trânsito é reduzida. E há tolerância, às vezes excessiva, por parte das
autoridades para quem usa e abusa dessa facilidade.
Lisboa, Porto ou Viseu suportam obras públicas (as tais que passaram a ser imbecilmente
conhecidas por “requalificação”) em simultâneo. Praças fechadas, largos
esventrados, ruas fechadas, escavações... tudo isto pode coexistir em grandes
cidades. Lisboa pode ter, talvez, vinte grandes obras públicas a decorrer ao
mesmo tempo que o trânsito continuará a ser sempre infernal. Ninguém nota a
diferença mas, lá está, Lisboa não se atravessa em quinze minutos. Nem em duas
horas, talvez.
Como se pode ver pela montagem
em baixo, a opção da Câmara foi fazer tudo ao mesmo tempo. Foi como um bombardeamento em grande escala. Quase como o bombardeamento de Dresden.
Um bombardeamento de incompetência |
As obras começaram pouco antes do verão de 2013.
No mínimo, não houve
planeamento. No máximo... talvez um dia se possa perceber se os supermercados
ganharam com o afastamento dos clientes do centro da cidade e o encerramento,
temporário ou definitivo, de tantas lojas e actividades comerciais.
O Modelo, o
E. Leclerc, o Auchan (no centro comercial Vivaci) e os Pingo Doce e as lojas
que albergam hão de ter ganho alguma coisa. E quem o facilitou terá sido devidamente recompensado?
Porque a chamada “regeneração
urbana” (que foi mais uma verdadeira ruptura, e em alguns casos a destruição, do
tecido urbano) não teve apenas um efeito de incómodo de pessoas, dos residentes
e dos visitantes (afastados do centro).
Da Praça da Fruta, num caricato processo de calcetamento sem fim à vista, à Rua de Camões, a devastação foi considerável. E o fecho de lojas, bem patente nesta rua, é uma consequência da crise
económica e financeira mas é também uma consequência das obras que bloqueiam os caminhos e afastam os visitantes.
As consequências são sociais e económicas.
Nenhuma gestão municipal
racional, inteligente, preocupada com o seu concelho e os seus residentes,
atenta aos problemas e capaz de planear, se lança num desvario de obras deste
tipo na capital do concelho, sujeitas à triste sina dos atrasos sem fim.
A confissão do presidente da
Câmara, há pouco tempo, de que “não se comprometia” com o calcetamento (um
simples calcetamento de uma pequena superfície urbana sem acidentes de terreno!)
da Praça da Fruta é a mais escandalosa confissão de impotência gestionária e
política de quem não sabe o que anda a fazer num cargo público. E que desconhece o que é prestação de contas que devia ser a obrigação, pelo menos moral, dos políticos honestos.
Infelizmente, salvo vozes
isoladas, não se ouvem os protestos que se deviam ouvir. E talvez seja por isso
que a impunidade se mantém.
Amanhã: o desleixo, o lixo e o "show off"
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