O que primeiro surpreende na série televisiva "The Newsroom" (de que só agora vi a primeira temporada) é a fidelidade com que retrata o ambiente de uma redacção (a "newsroom"), neste caso de uma televisão, com todas as qualidades (o idealismo e o voluntarismo), os defeitos (a mentira) e as limitações (da administração) que caracterizam o jornalismo.
A segunda é o ambiente apoteótico, numa movimento quase perpétuo, com diálogos acelerados (que nem os diálogos ajudam a compreender por inteiro, à primeira) e cenas montadas num cenário de estúdio que faz esquecer o respectivo artificialismo, com um ritmo de comédia que, no entanto, não dissimula a seriedade com que cada tema é abordado.
"The Newsroom", que vive muito da brilhante interpretação de Jeff Daniels (o jornalista "pivot" que se lança numa quase cruzada a favor da transparência política), ilustra tudo o que na televisão pode ser uma história de jornalismo e de jornalistas e mostra porque é que a imprensa falha mas, também, porque triunfa. Quem a conhece por dentro e por fora percebe bem o que desfila diante dos nossos olhos mas para os outros será uma descoberta que, por contraste com a comunicação social de outros países, explica a crise da comunicação social portuguesa.
O criador de "The Newsroom" é Aaron Sorkin, o autor da série "The West Wing" ("Os Homens do Presidente"), que recorre a um toque de suprema malvadez: Will McAvoy (Jeff Daniels) até é republicano e convicto e, desse modo, a sua intervenção ganha uma dimensão que não teria se fosse democrata.
Emily Mortimer (a produtora executiva MacKenzie McHale) e Will McAvoy (Jeff Daniels) |
2 comentários:
Meu caro Pedro. Ainda se lembra da newsroom? Do stress? Da hora do fecho? Do se não for agora já não sai? Abraço do acsc!
Lembro-me bem, demasiado bem, caro acsc!...
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