O perene presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Fernando Costa, desabafa, de perna ao léu na Foz do Arelho e em entrevista à "Gazeta das Caldas" (link não disponível), que ficará "marcado na vida política" pelos seus vinte e oito (28) anos de presidência da Câmara.
Sente-se "bem" na função e até garante: "A minha competê.ncia e utilidade pode ser muito mais aproveitada numa autarquia do que num outro serviço público e também é do que eu mais gosto. Além disso, sinto-me novo para me reformar e sinto-me velho para outra actividade".
Fernando Costa é apenas um dos muitos presidentes de câmara e de juntas de freguesia que não poderão candidatar-se nas próximas eleições aos mesmos orgãos.
Mas é o exemplo que está mais à mão para revelar esta faceta perversa da vida política portuguesa em que um Presidente da República não pode estar mais de dez anos no cargo mas há outros em que os seus ocupantes podem eternizar-se.
Esta situação, que só por si não é automaticamente boa para os habitantes do concelho ou da freguesia, conduz a outra perversidade: a de ver - como na contestação à reforma das freguesias - os que são eleitos para essas funções a defenderam os cargos onde chegaram como se fossem coisa sua ou mesmo empregos.
Não será o caso de Fernando Costa mas não soa nada bem a afirmação de que se sente bem é assim.
O poder local, tão incensado pelos seus ocupantes, não pode estar refém dos gostos pessoais dos que chegam a essas posições porque o povo confiou, ou ainda vai confiando, neles.
A democracia não é isto.
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