segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Em louvor de "Boardwalk Empire" em tempo de prémios Emmy

Comecei a ver "Segurança Nacional" ("Homeland"), como faço com tantas séries, e desisti. Não gostei, a história soube-me a "déja vu" ("O Candidato da Manchúria" nas suas versões de 1962 e de 2004) e passei à frente. Tecnicamente é interessante e Claire Danes tem uma presença simpática mas falta qualquer coisa.
O mesmo aconteceu com "Os Borgia". Prezo muito o actor Jeremy Irons e o realizador Neil Jordan ("Jogo de Lágrimas" e "A Companhia dos Lobos", nos seus melhores tempos) mas o resto é frágil. Depois da contratação de Irons pouco deve ter sobrado para conseguir outros actores de renome e o conjunto (por mais violência e sexo que se amontoem e apesar do genérico ser interessante) não tem qualquer interesse.
"Segurança Nacional" ganhou os "Emmy" e há quem recomende "Os Borgia" (com uma convicção semelhante à que levou o "Expresso" a recomendar a série televisiva de Steven Seagall, que já perdeu toda a graça que chegou a ter no início da sua carreira). 
Mas eu, tendo acabado de ver a segunda temporada de "Boardwalk Empire" (a produção da HBO a que Martin Scorsese se associou e onde Steve Buscemi constrói de modo admirável uma personagem extraordinária), uma série bem escrita, melhor filmada e com um grau de ousadia a todos os títulos (incluindo o incesto) que é quase inédito em televisão, não consigo perceber o destaque que essas séries têm e quais os motivos que levam a ignorar "Boardwalk Empire". Para lá dos muitos méritos próprios que tem, está para a televisão dos nossos dias como "O Padrinho" (os dois primeiros filmes) esteve para o cinema dos anos setenta. 
Steve Buscemi


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