Joaquim António Silva é músico, professor na Escola Técnica Empresarial do Oeste e maestro responsável pelo Coral das Caldas da Rainha e toca com o músico Pedro Caldeira Cabral; Catarina Impi (ou Catarina Couto, nome de baptismo) é designer e trabalha numa agência de comunicação; Estela Costa é ilustradora e artista plástica.
Estas três pessoas são oriundas do concelho de Caldas da Rainha têm os seus percursos criativos e o que fazem tem alguma notoriedade pública. E ainda bem.
Conhecemo-las através do semanário "Gazeta das Caldas".
Mas sem nome, sem individualidade. O jornal, que já foi bastante mais interessante do que é, insiste no "caldense".
Com isto, as pessoas não têm nome. São "caldenses" ou não existem.
Presume-se que, um dia, o mesmo jornal enaltecerá qualquer criatura que se destaque seja no que for desde que seja "caldense", seja ele um larápio vulgar de Lineu ou um Problema Nobel.
A "Gazeta das Caldas" gosta de agitar as bandeira do escândalo perante tudo o que considera "xenófobo".
Ao escolher esta opção, o jornal está a ser xenófobo (os "estrangeiros" ao concelho metem medo, são um perigo ou não prestam) e chauvinista (num nacionalismo de escala diminuta que também explica por que motivo este concelho se desenvolve… para dentro).
Nas relações sociais (e será mesmo necessário sublinhá-lo?!), a origem dos outros será, em geral, irrelevante. Tal como a cor da pele ou as preferências sexuais, ou gastronómicas, ou outras, que possa ter. As pessoas valem pelo que fazem, pelo que dizem, pensam ou escrevem, por aquilo que nos transmitem seja em que circunstância for.
Ao privilegiar, tomando por um valor absoluto, a origem geográfica das pessoas, a "Gazeta das Caldas" está, por omissão, a dizer que tudo o resto não presta.
É uma perspectiva estranhamente distorcida da realidade para a qual não quero contribuir. Com nada e, muito menos, com dinheiro. Isto significa que não quero comprar a "Gazeta das Caldas", nem directamente nem por meio de assinatura como agora faço.
Não sendo "caldense", que me interessa este jornal que só privilegia os "caldenses"?!
O pior exemplo, até agora, desta atitude foi o que já aconteceu nesta primeira página (edição de 21.02.2020).
Repare-se no título: "Caldense vai às escolas falar sobre violência doméstica". Depois há três figuras na única fotografia da 1.ª página… e nem se sabe quem é a/o tal "caldense". Nenhuma das três pessoas tem nome. Não vale a pena, claro. Uma dessas pessoas é "caldense" e as outras… que "aliens" tão imprestáveis serão? (E, para não incorrermos no mesmo disparate, não lhe esqueçamos o nome: Sílvia Abreu, que tem animado diversas actividades contra a violência doméstica.)
Nas relações sociais (e será mesmo necessário sublinhá-lo?!), a origem dos outros será, em geral, irrelevante. Tal como a cor da pele ou as preferências sexuais, ou gastronómicas, ou outras, que possa ter. As pessoas valem pelo que fazem, pelo que dizem, pensam ou escrevem, por aquilo que nos transmitem seja em que circunstância for.
Ao privilegiar, tomando por um valor absoluto, a origem geográfica das pessoas, a "Gazeta das Caldas" está, por omissão, a dizer que tudo o resto não presta.
É uma perspectiva estranhamente distorcida da realidade para a qual não quero contribuir. Com nada e, muito menos, com dinheiro. Isto significa que não quero comprar a "Gazeta das Caldas", nem directamente nem por meio de assinatura como agora faço.
Não sendo "caldense", que me interessa este jornal que só privilegia os "caldenses"?!
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O pior exemplo, até agora, desta atitude foi o que já aconteceu nesta primeira página (edição de 21.02.2020).
Repare-se no título: "Caldense vai às escolas falar sobre violência doméstica". Depois há três figuras na única fotografia da 1.ª página… e nem se sabe quem é a/o tal "caldense". Nenhuma das três pessoas tem nome. Não vale a pena, claro. Uma dessas pessoas é "caldense" e as outras… que "aliens" tão imprestáveis serão? (E, para não incorrermos no mesmo disparate, não lhe esqueçamos o nome: Sílvia Abreu, que tem animado diversas actividades contra a violência doméstica.)
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