Um presidente de câmara rodeado de obras por todos os lados é a felicidade absoluta? |
1 - As obras que estão a paralisar a cidade de Caldas da Rainha começaram todas praticamente ao mesmo tempo ou, o que vai dar ao mesmo, estão a ser feitas todas ao mesmo tempo. A cidade tem bastantes vias de entrada e de saída mas o centro ficou completamente bloqueado. É incómodo para os residentes e uma calamidade para o comércio urbano, não apenas porque quem vem de fora não consegue chegar às lojas nem ter onde parar o carro (e as pessoas vêm de fora de carro) mas porque há alternativas: os supermercados, de muito mais fácil acesso. É um erro.
2 - O dinheiro gasto nestas obras (oito milhões de euros, segundo o previsto) não serve para resolver problemas que afectam as populações (o concelho está cheio deles) mas, por exemplo, para uma coisa completamente dispensável: o alargamento dos passeios da Avenida 1.º de Maio. Se, no que não acredito, a Linha do Oeste vai ser ressuscitada, a principal via de acesso à estação ferroviária ficará congestionada. É um disparate.
3 - As obras começaram no verão passado. Já lá vão seis meses. As obras (e era previsível) atrasaram-se, porque chove (era previsível) e porque as empresas em matéria de obras públicas nunca começam e acabam, optando por intervalar umas obras com outras (é o hábito, e toda a gente parece aceitá-lo). O que estava previsto para durar 90 dias já dura 1000 dias. Agora os custos derraparam. Ganha quem faz as obras (se não ganhassem, de que adiantaria rever os preços?), perde o erário público. É desastroso.
4 - As obras começaram a ser feitas antes das eleições autárquicas de Setembro do ano passado e depois das eleições autárquicas. É uma coincidência.
5 - Os vereadores do PS votaram contra a revisão dos preços. O vereador do CDS votou a favor. O PSD, que domina a câmara, votou obviamente a favor. O MVC tem-se feito ouvir, alertando contra os atrasos e contra o incumprimento do que estava previsto e exigindo informações públicas sobre este assunto. Do PCP nada se ouve (por estar distraído com a Troika ou por se ter aliado ao "ex" Fernando Costa em Loures?). O debate público é útil e esclarece os eleitores e a crítica, quando é merecida, nunca fez mal a ninguém.
*com a devida vénia a José Rafael Nascimento, autor do blogue De tanto estarem
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