Não gosto das praxes académicas, não tive de conviver com elas no meu tempo (Faculdade de Letras de Lisboa, 1973-1974), não consigo perceber o mecanismo mental dos "jovens adultos" que aceitam todos esses rituais de submissão e servidão públicas, incomoda-me o autoritarismo cobarde de muitos dos seus animadores e acho ridícula (e duvidosamente higiénica, como se nota pelo cheiro, mesmo a alguma distância) a insistência no uso dos pesados trajes académicos.
E também sou dos que acreditam que as mortes do Meco tiveram origem num qualquer ritual que, ao que tudo indica, pertence a esse universo mais ou menos doentio.
Só que não acredito que a proibição das praxes seja, sequer, eficaz.
Quererão os proibicionistas meter uma câmara de vídeo em cada canto, em cada corredor, em cada pátio das traseiras, em cada casa para apanhar os que participam na coisa e destacar um polícia para acompanhar cada estudante?
Pensarão que uma qualquer Lei Seca (e a alusão não é gratuita) aplicada às praxes resolve os problemas todos?
As leis existentes, salvo melhor opinião, cobrem todos os potenciais riscos, ilícitos e actos ilegais que podem existir num ambiente dessa natureza. Há que aplicá-las e, nas próprias instituições, criar mecanismos dissuasores das piores práticas.
E, já agora, convencer os reitores do ensino público de que não faz mal contrariar os estudantes de vez em quando e os reitores (e os proprietários) do ensino privado de que a máxima de que o cliente tem sempre razão pode esbarrar nos limites impostos definidos pela lei e pelo bom senso.
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