sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Um argumento coxo, outro que convinha explicar melhor, uma asneira de todo o tamanho e o "tarde piaste" do costume

 
Obras tipo cidade bombardeada...
 
O presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, Dr., brandiu duas justificações para o arrastamento das obras que, de uma ponta à outra, dilaceram a cidade de Caldas da Rainha. Vale a pena atender aos pormenores.
 
1 - Penso que seria útil existir uma prova de aptidão para acesso à posição de candidato a presidente de câmara que tivesse pelo menos uma pergunta eliminatória, com duas alíneas: "Costuma chover em Portugal no Outono e no Inverno?" e "Quais são os meses que podem ser considerados de Outono e de Inverno?"
Se isto acontecesse deixaria de haver tantos atrasos em obras públicas justificados com o argumento da chuva porque quem não soubesse se chove em Portugal em, pelo menos, Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro, nunca chegaria a um cargo de responsabilidade como presidente, ou vice-presidente, de uma câmara municipal, "chumbando" nessa prova de acesso.
Estas obras em Caldas da Rainha começaram em Agosto ou Setembro do ano passado e Tinta Ferreira, Dr., já era presidente por herança de Fernando Costa e é difícil conceber que não percebesse que as suas gloriosas obras iriam decorrer no principal período de chuvas em Portugal continental.
O argumento da chuva, que agora ergue em sua defesa, é por isso muito débil. Foi apanhado de surpresa... pela chuva?!
Não se arranja melhor?
 
2 - O outro argumento para o atraso nas obras é da "insolvência" das empresas. Tinta Ferreira, Dr., não dá exemplos mas há neste argumento qualquer coisa de inquietante: uma câmara municipal entrega obras públicas a empresas que já estavam numa situação económica e financeira muito difícil (uma falência "normal" não acontece, em geral. da noite para o dia...) sem saber se elas conseguem cumprir aquilo para que são contratadas e se têm dinheiro para comprar materiais e contratar pessoal?
Também há nisto algo de estranho.
 
3 - Estas obras, que esventram a cidade de uma ponta à outra, estão desenrolar-se todas ao mesmo tempo. Não teria sido preferível (e mais cuidadoso) fazê-las por fases?
Quem mora nos locais afectados tem de lá ficar. Quem lá tem de ir (serviços públicos, etc) mete-se ao caminho e logo se vê. Mas quem não tem obrigação de lá ir... não vai.
Compras? Fazem-se nos supermercados ou no Vivaci. E os eventuais visitantes (que ainda os há)? Alguém se meterá, de carro ou a pé, numa cidade que na prática está inteiramente devastada por obras? Só os fãs do turismo de catástrofes.
 
4 - Na semana passada, os comerciantes protestaram. Cinco meses depois de começadas as obras perceberam o impacto que elas podem nos seus negócios. É uma situação a que aplica o "tarde piaste".
Assistiram sossegados ao começo da catástrofe, terão pensado que o destino os pouparia, que a câmara de Tinta Ferreira, Dr., era amiga deles... Agora já perceberam.
E deviam começar a perceber também que vão ter a cidade neste estado até, pelo menos, ao Verão e que, à semelhança do que aconteceu no Porto, bem podem começar a pensar em processar a Câmara Municipal pelos prejuízos que vão acumular. Não faltarão na cidade advogados dispostos a representá-los.

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