Um extracto:
(...)
É dos poucos escritores regulares nacionais que escreve policiais. Como vê o género em si?
Este género literário é, de todos, o que tem as fronteiras mais maleáveis e através do qual se podem abordar todos os temas que fazem parte da nossa vida.
A literatura policial contemporânea está indissoluvelmente ligada ao audiovisual (mais à televisão do que ao cinema, onde se esgotou) e o caminho aberto pela série «The Wire», de David Simon e Ed Burns, mostrou-o, ao abordar temas sociais e políticos, da imprensa ao sindicalismo, passando pela escola pública e pela política autárquica. Ruth Rendell, John Le Carré, Lee Child ou Carl Hiaasen têm-no feito, de uma maneira ou de outra.
Em Portugal, também puxei para as minhas histórias as suspeitas sobre grandes empreendimentos imobiliários, o «processo Casa Pia» ou os enigmas da História como, por exemplo, o 25 de Novembro. Gosto de o fazer e o certo é que o acolhimento tem sido sempre favorável, sem uma única crítica negativa.
Há um público para esta literatura e o interesse do autor e do editor é o de levar ao seu conhecimento as histórias que são publicadas.
Mas como analisa o policial no nosso país?
É um domínio da ficção em que há uma debilidade impressionante e um espaço que ainda está muito vazio em todas as vertentes (na literatura, na televisão e no cinema).
Basta reparar que, à excepção do que foi o projecto «Não Matarás» e da série que agora começa com «Morte com Vista para o Mar», não há na literatura portuguesa actual histórias regulares com protagonistas fixos, como acontece noutros países, e mesmo os romances do género escasseiam. Julgo que eu sou a excepção, ao escrever e publicar praticamente um livro por ano desde 2004. E digo-o com pena porque acredito que há lugar para outros autores de qualidade neste domínio.
Por outro lado, é interessante ver como há autores a utilizarem mecanismos do «thriller» em histórias que pretendem ser mais «realistas».
A grande responsabilidade desta situação cabe aos editores. Muitos desconhecem este género literário, as suas particularidades e o seu público. Vão atrás das modas (os policiais nórdicos, por exemplo) e ignoram os interesses e os hábitos de consumo dos leitores do policial. Até há quem defenda, numa demonstração de sectarismo cultural, que a literatura policial não é literatura.
Este género literário é, de todos, o que tem as fronteiras mais maleáveis e através do qual se podem abordar todos os temas que fazem parte da nossa vida.
A literatura policial contemporânea está indissoluvelmente ligada ao audiovisual (mais à televisão do que ao cinema, onde se esgotou) e o caminho aberto pela série «The Wire», de David Simon e Ed Burns, mostrou-o, ao abordar temas sociais e políticos, da imprensa ao sindicalismo, passando pela escola pública e pela política autárquica. Ruth Rendell, John Le Carré, Lee Child ou Carl Hiaasen têm-no feito, de uma maneira ou de outra.
Em Portugal, também puxei para as minhas histórias as suspeitas sobre grandes empreendimentos imobiliários, o «processo Casa Pia» ou os enigmas da História como, por exemplo, o 25 de Novembro. Gosto de o fazer e o certo é que o acolhimento tem sido sempre favorável, sem uma única crítica negativa.
Há um público para esta literatura e o interesse do autor e do editor é o de levar ao seu conhecimento as histórias que são publicadas.
Mas como analisa o policial no nosso país?
É um domínio da ficção em que há uma debilidade impressionante e um espaço que ainda está muito vazio em todas as vertentes (na literatura, na televisão e no cinema).
Basta reparar que, à excepção do que foi o projecto «Não Matarás» e da série que agora começa com «Morte com Vista para o Mar», não há na literatura portuguesa actual histórias regulares com protagonistas fixos, como acontece noutros países, e mesmo os romances do género escasseiam. Julgo que eu sou a excepção, ao escrever e publicar praticamente um livro por ano desde 2004. E digo-o com pena porque acredito que há lugar para outros autores de qualidade neste domínio.
Por outro lado, é interessante ver como há autores a utilizarem mecanismos do «thriller» em histórias que pretendem ser mais «realistas».
A grande responsabilidade desta situação cabe aos editores. Muitos desconhecem este género literário, as suas particularidades e o seu público. Vão atrás das modas (os policiais nórdicos, por exemplo) e ignoram os interesses e os hábitos de consumo dos leitores do policial. Até há quem defenda, numa demonstração de sectarismo cultural, que a literatura policial não é literatura.
Pois, um género menor...
Há uma velha hipocrisia de salão no nosso país que faz com que a literatura policial seja algo que «parece mal» aos olhos das elites bem pensantes, talvez por incluir homicídios, outros crimes e alguma violência. Portanto, é um género literário que não é estimulado nem defendido.
Paradoxalmente, no entanto, há quem defenda melhor o «porno para mamãs» tipo «Sombra de Gray» do que um romance policial de alta qualidade, o que é revelador do pensamento dessas pessoas.
Há uma velha hipocrisia de salão no nosso país que faz com que a literatura policial seja algo que «parece mal» aos olhos das elites bem pensantes, talvez por incluir homicídios, outros crimes e alguma violência. Portanto, é um género literário que não é estimulado nem defendido.
Paradoxalmente, no entanto, há quem defenda melhor o «porno para mamãs» tipo «Sombra de Gray» do que um romance policial de alta qualidade, o que é revelador do pensamento dessas pessoas.
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