sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"Morte com Vista para o Mar": a mão invisível




Quando há três meses, em Novembro do ano passado, foi posta em causa a continuação da série que tem por protagonista Joel Neto ("A Cidade do Medo", "Vermelho da Cor do Sangue" e "Triângulo", os três títulos da série "Não Matarás"), resolvi ir "aos mercados" com a história que nessa altura comecei a escrever com o título de "Crimes em Família", e que já tinha Gabriel Ponte e Patrícia Ponte por protagonistas, embora como pai e filha.
O meu primeiro contacto foi Manuel de Freitas (da editora 20|20), que acabara de lançar James Patterson e com quem troquei algumas impressões. Manuel de Freitas remeteu-me para Ana Afonso, a editora, a quem apresentei o meu projecto.
Numa conversa longa, Ana Afonso levantou duas dúvidas, fundadas, sobre o grau de parentesco dos dois protagonistas e sobre o título. Nessa altura alterei o grau de parentesco de Gabriel e de Patrícia (ex-cônjuges) e, com o tempo, percebi que a simples alteração desse paradigma permitia novas possibilidades de desenvolvimento de outros arcos narrativos na série que nasceria com este livro. O título foi alterado mais tarde.
Em Dezembro e Janeiro houve mais algumas trocas de impressões, abrindo-se então, e simpaticamente, outras portas. Mas a raiz estava lançada: se o futuro "Morte com Vista para o Mar" ia ganhar outra dinâmica era com base nessa primeira conversa. A resposta positiva veio um pouco mais tarde: Ana Afonso transmitiu-me o interesse da 20|20 e começámos quase imediatamente a trabalhar.
Desde muito cedo que percebi - sobretudo nas obras de alguns dos melhores autores - a importância dos editores (precisando: não das empresas que publicam mas dos seus quadros que trabalham com os autores na fase final dos seus livros). E percebi-o ainda melhor como autor e, com essa experiência, como leitor de muitas histórias reveladoras da falta dessa mão mais atenta.
O texto escrito beneficia sempre de uma última visão externa e o autor só fica mal se o que escreveu for mau.
O trabalho do editor, discreto mas fundamental, ajuda a melhorar o texto final e os leitores e os autores só ganham com isso.
"Morte com Vista para o Mar" beneficiou, desde o início, dessa mão invisível. O trabalho com Ana Afonso, num período recorde e na concretização rápida de uma decisão ponderadamente tomada, foi enriquecedor e agradável, pontuado pela atenção e pela ironia.
Todos os escritores precisam de um(a) editor(a) e eu posso dizer que tenho sido bafejado pela sorte.
Ana Afonso é a melhor editora que um projecto como este pode ter. As coisas são como são e estão bem assim.
 

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