É muito correcto lamentar o fecho das 49 salas de cinema da empresa que já foi a poderosa Filmes Castello Lopes. Aliás, é de lamentar o fecho de qualquer sala de cinema.
Mas é também de lamentar que ninguém escreva uma linha que seja sobre:
(a) a pirataria do cinema na internet;
(b) o desmazelo da exibição cinematográfica ao longo dos últimos vinte anos;
(c) a degradação das salas de cinema, que muitas vezes já não conseguem competir em qualidade e conforto com o "home cinema";
(d) a feira de vaidades e de tolices em que a crítica de cinema se transformou em Portugal;
(e) o modo como as próprias empresas de distribuição e exibição contribuíram para liquidar os videoclubes em vez de fazerem deles seus aliados na reconquista do público;
(e) a sistemática depreciação do cinema que é a apresentação de filmes para encher pelos canais generalistas de televisão e a oferta ao desbarato de filmes pela imprensa escrita;
e em especial
(f) o modo como a Portugal Telecom conseguiu absorver, diluir e depois destruir o grupo Lusomundo, aproveitando apenas uma etiqueta que foi, na prática, um selo de qualidade ao longo de dezenas de anos.
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