É interessante verificar como não há "memórias" felizes ou auto-satisfeitas dos anos negros de 2020 e de 2021 em que se impuseram medidas de um verdadeiro fascismo sanitário para montar a ficção do combate a um inimigo impossível ficcional: uma pandemia que seria invencível. Não era, mas, por sua causa, e enquanto se ia transformando em endemia, paulatinamente, foram infligidos danos graves à sociedade e à economia.
Não houve entidades oficiais (do Estado à Ordem dos Médicos) ou órgão da imprensa "mainstream", devidamente subsidiada pelo Estado para agir como porta-voz das suas medidas, que fosse capaz de fazer uma análise, auditoria ou estudo retrospectivo ao que correu mal.
E é significativo que seja esse tom pouco confiante, quase burocrático, que caracteriza as quatro páginas que o jornal "Expresso" dedicou à pandemia do vírus SARS-CoV-2 e da doença covid-19 na semana passada.
O texto é, de forma exemplar, uma confissão involuntária dos vários fracassos que acompanharam a mais sobrevalorizada de todas as epidemias que a humanidade já conheceu. A começar pelo fracasso da própria imprensa e do próprio "Expresso" onde nem foi valorizado aquilo que publicaram em LINK e que aqui é retomado sem problemas de consciência.
Recordemo-lo, como o próprio jornal o contou, e conta: o primeiro caso de covid-19 (assim chamada a doença por ter aparecido no ano de 2019) foi registado na China em 2019, o vírus chegou a Portugal, pelo menos, em Janeiro de 2020 e foi só em 2 de Março que foi registado o primeiro caso de infecção em território nacional.
Quando esta notícia saiu no "Expresso" (que eu aqui comentei), avançava-se que o vírus tinha estado "adormecido" e era por isso que não havia registos. Não consta que o SARS-CoV-2 andasse a "adormecer" e a "acordar". Só na ficção científica é que os vírus o fazem.
A notícia, muito significativamente, foi ignorada por toda a gente e não foram tiradas as devidas ilações. Porque não se enquadravam na versão oficial do prometido Apocalipse? É que uma delas só pode ser esta: até 2 de Março não terão sido testados os infectados nem registados como tal os eventuais óbitos causados directamente pelo vírus nem medido um possível excesso do número de óbitos relativamente aos anos anteriores.
Se não tivesse havido a paranoia em torno da pandemia, quase encarada como se fosse o Apocalipse, o SARS-CoV-2 não teria ganho a notoriedade mediática que ganhou. Nem é preciso procurar conclusões algures para se perceber como o tom da peça publicada é melancólico, quase, quase como quem pergunta: então, aconteceu tudo... para isto?
Um fracasso presente no texto, mas ignorado como tal, foi o da vacinação como forma de imunização geral. A adesão à vacinação, com vacinas feitas à pressa e na prática experimentais, nasceu do clima de medo e da obrigação encapotada. O fascismo sanitário que vigorou em Portugal, e noutros países, quase tornou impossível a vida a quem não se vacinasse.
É significativo que o "Expresso" vá buscar a segunda figura do sistema de vacinação e não a primeira, a do almirante que parece ter sonhado com um projecto político pessoal à conta do destaque conjuntural que teve.
Tal como é significativo que hoje seja impossível saber se a imunização ao SARS-CoV-2 teve origem natural, nas vacinas ou numa combinação das duas coisas. Porque a pressa da vacinação indiscriminada matou a eficácia de qualquer estudo que pudesse avaliar o grau de imunização natural ("de grupo") da população que, numa escala igualmente impossível de determinar, há de ter tido muitos contactos com os coronavírus, a "família" de vírus respiratórios a que pertence o SARS-CoV-2.
Outro fracasso foi, ainda, o do fecho das estruturas do SNS, acompanhado pela glorificação estúpida dos médicos "de saúde pública" da "linha da frente", cujo papel, infelizmente, não foi estudado de forma adequada.
Este passo, aplaudido pelos profissionais do ramo que se hoje se queixam das insuficiências do SNS (de que foram causa), levou a que ficassem por fazer rastreios, exames e tratamentos de um número incalculável de pessoas e essa negligência (que devia ter sido avaliada por uma auditoria) causou seguramente mais mortes e há de ter contribuído para o caos actual do SNS, com mais pessoas doentes e em em estado mais grave.
Mas, enfim, os médicos e os enfermeiros da "linha da frente" tiveram muito tempo para treinar, fazer e gravar coreografias dançantes e não faltam quem não tenha arrependido, com alguns a pedirem ainda leis extraordinárias para sustentarem a discriminação, a repressão e os internamentos compulsivos de pessoas doentes. E, numa fase posterior, a sua eugenia?
Há três temas em que o texto passa ao lado. Um é o da Suécia, país que a certa altura "desapareceu" do mapa mediático porque não cumpria os preceitos do fascismo sanitário. Agora já se admite que as consequências do SARS-CoV-2/covid-19 foram menores, apesar da comparação com países vizinhos (onde, como acontece no Norte europeu, há a tendência para as pessoas se resguardarem em casa nos meses de maior frio).
O outro é o das medidas impostas. Foram eficazes, garante-se, mas omite-se a polémica obrigatoriedade das inúteis máscaras clínicas. Tal como se omitem as consequências desastrosas do alargamento dos confinamentos, sociais e pessoais, às escolas. São pormenores sinistros que não convém, nunca, esquecer.
Finalmente, no final do texto, faz-se a comparação do costume entre a Gripe Espanhola de 1918 e a pandemia de SARS-CoV-2/covid-19.
Como já aqui escrevi, é um erro tremendo porque há cem anos não havia meios de tratamento imediato (ainda nem havia antibióticos, por exemplo), que a população inicialmente afectada foi a dos soldados, mal nutridos, mal alojados (amontoados nos navios de transporte de tropas, onde não havia medicamentos adequados, e nas bases e aquartelamentos), e de saúde débil. Durante muito tempo, e inutilmente, os médicos e os cientistas andaram à toa a trabalhar sobre a hipótese de a gripe ser causada por um bacilo, designado em 1892 como “Bacillus influenzae” pelo médico alemão Richard Pfeiffer. Que estava errado, porque o agente patogénico era um vírus. E este vírus, ao contrário dos bacilos, atravessava o tecido das máscaras que, também nessa altura, começaram a ser ilusoriamente usadas.
Uma mentira
O texto cita um dos "especialistas" que mais apareceu nos palcos mediáticos a derramar os seus conhecimentos de epidemiologia e que hoje deve andar deprimido por ter perdido esse benefício: Manuel Carmo Gomes.
Esta criatura, como o mostra o seu currículo oficial, não é epidemiologista. A imprensa, no entanto, apresentou-o sempre como tal. Porque era o próprio que o afirmava, mentindo, ou por simples desconhecimento?
Não pensei que fosse o próprio, que parece ser cientista, a assumir uma função que não tem, mas o "Expresso" põe em discurso directo aquilo que ele diz que é:
A autoria da mentira fica, portanto, esclarecida: foi ele, tem sido ele, a intitular-se "epidemiologista".
Esta é a honra da "ciência" da mais sobrevalorizada pandemia da história da Humanidade.
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UMA MENTIRA
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