quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A dinâmica das ilusões (17): o extraterrestre















O candidato do PS à presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha em 2013 foi um professor chamado Rui Correia.
Durante quatro anos, Rui Correia e os vereadores eleitos pelo PS mantiveram um blogue intitulado "Começar o Futuro". Foram atentos e críticos, com uma intervenção quase constante. Mas, tendo "começado o futuro", deixaram as coisas a meio. O candidato do PS à presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha em 2017 é um advogado chamado Luís Patacho.




As candidaturas autárquicas precisam de ter um elemento-chave: a proximidade. E a proximidade é, neste caso, a identificação. É o conhecimento pelo menos visual da pessoa. É a possibilidade de o candidato dizer: "há quatro anos já cá estava e desde então tenho mostrado qual é a minha alternativa a isto".
O PS local pode andar inebriado com o facto de estar no poder, no governo da nação (embora por um ardil pós-eleitoral e convém não esquecer que o PS perdeu as eleições legislativas de 2015), de pensar que está em lua-de-mel com uma versão da "maioria de esquerda" do PCP. Pode pensar que é tudo dele, como pensa o primeiro-ministro do PS. Mas depois o candidato é...?
Não é.
Luís Patacho pode ser uma excelente pessoa, um excelente pai de família, ter ideias brilhantes para o concelho (que talvez estejam enterradas no Facebook), mas é um "parvenu", um recém-chegado que não teve antes intervenção pública que se notasse e que terá sido um pouco ingénuo ao pensar que as fotografias dos seus encontros com empresas e associações, publicadas nos jornais regionais, servem para tudo. Não servem.
Na política autárquica caldense, Luís Patacho é uma espécie de extraterrestre. Veio de outro planeta com outras ideias. E o eleitorado local que vai votar já mostrou que prefere um bonzo burocrata na Câmara Municipal a um desconhecido, quanto mais não seja porque o primeiro o compra com empregos (directos e indirectos) e com festas. E o resto... é sempre a mesma coisa.
Se ficar em segundo lugar, se mantiver uma intervenção política directa e constante e se se candidatar de novo em 2021, Luís Patacho ainda pode vir, um dia, a ser presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha.
Embora, por ser do PS, não com o meu voto.



Nota: Hoje voltou a entrar-me na caixa do correio o folheto a que aqui aludi. É, se não veio com o correio, uma absurda duplicação de esforços.


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