A mania patológica das "causas" chegou agora aos taxistas.
A intelectualidade urbana de "esquerda" detestava os táxis, as trafulhices com os custos dos percursos, os carros pouco limpos, a agressividade verbal dos taxistas e delirava com a Uber modernista nos seus "smartphones".
Mas agora já não.
O protesto dos taxistas (tão "justo" como se os carteiros e os chefes das estações de correios saíssem à rua a protestar contra a Google e o seu Gmail) contra a Uber transformou-se na nova "causa" desta gente, que vai trocando as suas "causas" como quem troca cuecas da moda.
A complacência governamental ajuda, claro, porque este governo também é de "causas", e é sempre um estímulo o extraordinário apoio do PCP. Os taxistas são agora o alvo do seu amor político e o partido talvez preferisse, até, interditar o progresso tecnológico como forma de cortar pela raiz todos os males capitalistas contemporâneos. Como é, decerto, o caso da malvada Uber.
O que não surpreende, aliás. O PCP, que é completamente insensível às novas formas de trabalho (como os trabalhadores das lojas dos centros comerciais ou os independentes) e à realidade económica portuguesa (as microempresas, por exemplo, cuja vida é capaz de ser mais difícil do que a aristocracia operária da CGTP), está transformado numa espécie de velho abutre à procura de novas "causas" que lhe rendam qualquer coisa quando as velhas (a função pública ou os professores) já não lhe convêm.
![]() |
Um carro da Uber atacado por taxistas no Porto (© Sara Otto Coelho/"Observador").
O PCP aprova?
|
Sem comentários:
Enviar um comentário