O economista Mário Centeno foi ministro das Finanças de um governo do PS, onde esteve como poderia estar num governo "de direita". Aplicou uma austeridade disfarçada, deixou-se guiar pela ambição pessoal de, sem um período mínimo de distanciamento, passar do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal, sem que lhe fosse conhecida qualquer ideia política. Isto faz dele um Presidente da República minimamente adequado ao seu estatuto de principal figura do Estado e comandante supremo das Forças Armadas? Para mim, não.
O militar Gouveia e Melo ganhou notoriedade por comandar, como se fosse uma operação militar especial, um plano de vacinação forçada que correu bem, porque essa intervenção foi bem aceite por uma população aterrorrizada e condicionada por um fascismo sanitário sem precedentes, que olhou para as vacinas feitas à pressa (e que deixaram demasiadas sequelas...) como se fossem uma espécie de água benta milagreira. Depois, promovido à chefia do Estado-Maior da Armada, o dito militar destacou-se pela sua incontrolável vontade de aparecer na imprensa e pelo autoritarismo imposto à sua arma. Não se lhe conhece uma ideia política que seja. Isto faz dele um Presidente da República minimamente adequado ao seu estatuto de principal figura do Estado e comandante supremo das Forças Armadas? Para mim, não.
O denominador comum destas movimentações pessoais, que parecem assustar os partidos, é uma mistura pouco saudável de ambições pessoais e políticas. Toda a gente pode querer progredir na carreira profissional e/ou política e, até, chegar à Presidência da República. Houve um calceteiro que já o tentou. Mas, caramba!, o mérito já não é relevante?! E onde está o mérito destas três criaturas em termos políticos? E onde estão as suas ideias para o País? Não se lhes vê nenhuma.
Se estas criaturas podem vir a ser os candidatos de primeira linha às eleições presidenciais de 2026 (a que poderá juntar-se, e não é melhor, essa espécie de cabo de esquadra que é Augusto Santos Silva), estamos mal. Mesmo muito mal.
No que me toca, nenhum destes levará o meu voto. A abstenção é um direito e não terei o mínimo problema em, mais uma vez, exercer esse direito.
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Há duas notas que é necessário acrescentar a esta observação.
1. A primeira é que. para mim, a única figura política que deve ser, e com todas as condições para exercer o cargo, Presidente da República é Pedro Passos Coelho. Tem tudo o que é necessário para o efeito e, a ser candidato, votarei nele.
Mas também aceito que Pedro Passos Coelho não queira mergulhar novamente nesta espécie de pântano em que realmente se transformou a política nacional (e de onde emergiu um governo débil do seu próprio partido).
2. A segunda nota é sobre o clandestino jornal "Sol/Nascer do Sol" que se transfornou em órgão oficial da candidatura de Gouveia e Melo.
Se é evidente que este candidato a sucessor do seu colega Américo Thomaz dispõe já de algum tipo de organismo a preparar a sua campanha, é também evidente que este jornal é o seu porta-voz.
E o "Sol/Nascer do Sol" devia tornar bem clara essa opção, até porque também já não a consegue esconder. Basta olhar para a imagem da "notícia" dos candidatos, onde o militar é duplamente destacado: ao centro da montagem fotográfica e com uma dimensão superior aos outros dois. Só me resta uma dúvida: será que no "Sol/Nascer do Sol" perderam de vez a cabeça para se lançarem nesta aventura, ou são pagos para esse efeito?
José António Saraiva anda agora fascinado por fardas? |
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