É verdade: há muitos restaurantes que estão, realmente, a exagerar no preço de venda do vinho à mesa. E compensará? Não acredito.
A tendência já tem muitos anos mas a sua longevidade não desculpa o exagero, que é a tendência para aumentar exageradamente o preço da garrafa de vinho que é vendido à mesa do restaurante.
Primeiro, começou por ser um aumento para, pelo menos, o dobro do preço de venda ao público. A garrafa que poderia custar 5€ num estabelecimento comercial passava a custar 10€ no restaurante. E o restaurante, aliás, não ganhava apenas 5€, mas mais, porque o preço do retalhista para a restauração tendia a ser menor e, a esse valor, haveria que deduzir o IVA.
A situação, no entanto, agravou-se.
Sem ir aos exemplos mais caros, é possível ver agora vinhos com o PVP de 5€ (ou menos...) a serem vendidos à mesa a 15 ou a 16€. Já me aconteceu, em três restaurantes diferentes. Desses três, a um não volto devido à à desonestidade revelada, a outro também não volto porque não me interessou e outro... ainda frequento.
Esta triplicação dos preços assume depois aspectos mais graves quando o preço de base começa a aumentar e é fácil termos um vinho de 9€, aproximadamente, a ser vendidos a cerca de 26€ a garrafa (num caso, é o preço de duas doses de um prato do dia), mesmo num restaurante que, apesar das suas qualidades, não é caro. E fingir que há uma alternativa, com um único vinho (o dos 5€/15€) menos caro na lista, não é solução.
Prezo muito os restaurantes, em geral, e respeito quem, à frente desses estabelecimentos, faz tudo o que pode para sobreviver, economicamente, e para manter um serviço de boa qualidade.
Os restaurantes têm importância civilizacional, social e cultural e uma das coisas que me impressionou, na época do disparate dos confinamentos, foi ver o grau de quase desespero, mas também de determinação em certos casos, dos seus responsáveis ao serem obrigados a ficarem fechados.
Mas a sobrevivência não pode justificar tudo e o aumento generalizado dos preços (energia, produtos e serviços, matérias-primas), que chega a pôr em risco muitos restaurantes, não se resolve desta maneira.
Se há pessoas que se contentam em beber laranjadas e outros refrigerantes à refeição, chega um momento em que os clientes que bebem vinho à refeição se fartam e procuram outras paragens. E depois... nem o vinho se vende, nem os clientes voltam, nem aumenta a receita como se esperava. É o que querem?
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Há quem não siga esta tendência e o restaurante Taberna 1865, em Rio Maior, surpreendeu-me pela sua qualidade mas também por dispor de uma vasta colecção de vinhos que têm o mesmo preço em loja (o restaurante é da Loja do Sal, de Rio Maior) e à mesa. E que, em numerosos casos, mantêm o preço com que são vendidos no produtor (como é o caso dos belos vinhos da Quinta dos Capuchos, de Alcobaça).
Das qualidades deste restaurante, que me conquistou, farei aqui em breve o devido registo.
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