quinta-feira, 23 de maio de 2024

Quatro dias em Sever do Vouga

 


Na praia fluvial de Sever do Vouga, curioso município do distrito de Aveiro, aparece à tarde um pato, curioso e com pouco receio de pessoas e cães. O tempo de aguaceiros e de baixas temperaturas não o incomoda. Nem ao pescador que, ao longe, e não contando com a intrusão de dois turistas, é a única pessoa nesta margem. As duas pessoas, com os dois cães, não se demoram e o pato desinteressa-se da intrusão. E nem sequer se mostra receoso. 


Praia fluvial de Sever do Vouga com pato


É uma tarde de um dia de Primavera, em Maio, mas o tempo é de Outono ou de Inverno ameno. Esta praia fluvial do rio Sever, deve ser uma das atracções turísticas locais. Mas não neste tempo, claro, quando as nuvens ocultam a luz do sol e tornam mais sombrias e mais misteriosas algumas partes do rio.

O rio Sever é capaz de ser o elemento mais simbólico da região. Parece andar por todos os lados, às curvas, com as águas aumentadas pela chuva quase constante que cai nestes quatro dias meteorologicamente mal escolhidos. Ou por causa do traçado do rio, ou por acasos geográficos insondáveis, as estradas circulam por entre terrenos por onde foram surgindo casas ao longo de muitas dezenas de anos e que fazem lembrar paisagens de alguns pontos do Douro ou, mesmo, do Gerês.



Uma paisagem de casas ao longo das encostas delimitadas pelo rio e pelos vários cursos de água


A capital do concelho, Sever do Vouga, é uma vila que parece também respeitar a lógica do rio. Estende-se ao longo de uma avenida (Avenida Comendador Augusto Martins Pereira) que parece ser a sua rua principal e que a divide como rua. 

Sever do Vouga é pequena, com 2700 habitantes (num concelho com 11 063 habitantes, números de 2021) e parece ter tudo o que é necessário. Ou quase tudo: existe um único posto de abastecimento de GPL com preço claramente especulativo e o que parece ser um centro de informação municipal, e até de venda de artesanato, é sugestivo mas não para os turistas, estando inexplicavelmente fechado numa tarde de semana. 

Um aspecto interessante é, sem dúvida, o conjunto de vários restaurantes que aqui se encontram e os únicos onde fomos (Quinta Nova, Quinta do Barco por duas vezes e Tempero Rústico) deram boas provas de si. Estão bem enquadrados, com vista desafogada (no caso da Quinta do Barco, só na esplanada, que é bem convidativa) e boas ofertas. O Quinta Nova é um restaurante de tipo familiar, vasto e simpático. 

O Quinta do Barco é mais distinto, com oferta gastronómica mais seleccionada (muito boa, a Vitela à Severense com Arroz de Forno), uma excelente decoração e uma carta de vinhos imponente e com opções razoáveis. O Tempero Rústico é de inspiração madeirense e também esmerado na gastronomia. E o serviço que encontrámos, nos três, foi muito simpático e profissional.


Vitela à Severense, na Quinta do Barco


Se a meteorologia se mostrou hostil, a casa de alojamento local onde ficámos revelou-se perfeita para os bons e os maus dias. 

A Casa dos Cortes, quase escondida numa das ruas estreitas e curvas da região, é uma reconstrução convidativa de outro edifício mais antigo. É acolhedora, mantém a temperatura interior, tem espaço para a pequena família de duas pessoas e dois cães e apresenta um terraço vedado, onde ainda puder estar a apanhar sol durante uma hora e onde, com jeito, se consegue entrar e sair de carro... porque quase não há espaço no exterior para estacionar. E a sua localização dá-nos o que é sempre uma mais-valia: um quadro verdejante. Foi um consolo para quatro dias de aguaceiros e de temperaturas baixas!





A Casa dos Cortes, com a sua paisagem, as suas pedras... e um dos membros da família à espreita




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