Interrogar o mundo, denunciar o que está errado, contar aquilo que os poderes vigentes não queriam que se contasse, expor as verdades ocultas... O jornalismo era feito disto e raros seriam os jornalistas que não o quereriam fazer, independentemente do seu talento ou das suas qualidades profissionais.
Mas, agora, olha-se para o que nos rodeia na imprensa e percebe-se como tudo isso desapareceu. Ou foi asfixiado, ou sufocado. Ou, com todas as letras, censurado.
E uma das situações mais determinantes tem sido a da crise ucraniana. A imprensa ocidental, em geral, só conta uma parte da realidade. Não se interroga, não interroga o mundo, não conta aquilo que os poderes vigentes não querem que se conte. Não expõe as verdades ocultas. Quem manda, e paga, não deixa. E os profissionais do sector... bem, é como se nem se importassem.
Vejamos dois casos bem concretos, ambos com um vector lamentavelmente irónico.
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Zaluzhny: desaparecido, mas não em combate |
Esta fotografia é, obviamente, uma montagem, mas é esclarecedora: na imagem superior está o presidente ucraniano a abraçar o general ucraniano Valeri Zaluzhny, que comandou as Forças Armadas da Ucrânia até dizer o que pensava (que as coisas estavam a correr mal e que dificilmente iriam correr melhor). O presidente não gostou e correu com ele. E, ao mesmo tempo, livrou-se de um potencial rival nas eleições presidenciais que deveriam ter-se realizado em Março e que o próprio presidente, cujo mandato termina este mês, resolveu cancelar.
Zaluzhny foi, oficialmente, despachado para Londres como embaixador. Mas o certo é que ainda não chegou e já passaram vários meses, não aparece em público e corre a informação de que poderia estar em prisão domiciliária.
A imprensa oficial, aquela que reflecte apenas o ponto de vista do governo ucraniano, dos seus mentores ocidentais e do comediante que lhe preside, não fala do assunto.
As fotografias que se seguem já não são uma montagem. Elas mostram uma exposição de carros de combate e de veículos militares provenientes dos EUA, da Alemanha, do Reino Unido e de outros países e que, usados pelas Forças Armadas da Ucrânia, foram destruídos, como outros, pelas Forças Armadas da Federação Russa.
E agora estão em exposição em Moscovo, e parece que com grande êxito. São despojos de guerra, da guerra lamentável que o "Ocidente alargado" está a conduzir na Ucrânia deixar de haver ucranianos, que poderiam ter a melhor de todas as legendas: os carros de combate ocidentais já entraram em Moscovo.
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Os "tanques" já entraram em Moscovo: fotografias © Sputnik
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É outro assunto pelo qual a imprensa oficial passa, para usar um provérbio, como gato sobre brasas.
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