sábado, 1 de outubro de 2022

A ambição política de um homem de negócios perdido na gestão de um município

 


De um presidente de Câmara Municipal eleito há um ano e sem qualquer obra feita, sem nada que se veja e sem projectos de mais longo prazo, esperar-se-ia, normalmente, outra postura: uma justificação do que não fez, um balanço do que possa ter feito e que ninguém viu e o anúncio do que tenciona fazer nos três anos seguintes. 

Isto seria o comportamento normal, numa elementar postura de bom-senso e que qualquer especialista básico em marketing político recomendaria.

Não foi o que aconteceu neste jantar reverentemente noticiado pelo "Jornal das Caldas", em local cuja escolha foi bem simbólica daquilo que se revelou a organização Vamos Mudar, e onde, a pretexto de comemorar este ano de soma zero, se confirmou uma coisa muito simples (e desculpem lá os puristas): não foi feita a ponta de um corno. O momento serviu apenas para uma coisa: anunciar a recandidatura em 2025.

Já se percebeu, o actual presidente (que diz não querer ser "ex-empresário", o que significa que acumula e da pior maneira) é um homem ambicioso e a gestão das minudências municipais não é coisa que lhe interessa. 

O que verdadeiramente lhe interessa é uma carreira política e, com um ano desastroso de presidência e mais três que infelizmente fará, não se fica por menos: quer mais quatro anos de poder. E por isso o que proclama é apenas que se recandidata em 2025. Pelo Vamos Mudar, ainda? Ou pelo PS, como suspeito? São pormenores. O poder é que interessa. Mais sete anos, portanto? Um horror...

A proclamação, no entanto, e como tudo na vida, tem vantagens e desvantagens. Para ele e para os seus potenciais adversários.

Vítor Marques marcou o terreno, como um cão: a Câmara Municipal é dele e há de ser dele. O seu jogo ficou à vista. Vai preparar-se, e preparar tudo, para ter trunfos para as eleições de 2025. Como se costuma dizer, o tempo joga a seu favor. Com sorte, e se tudo continuar na mesma, agravando-se, jogará contra ele.

O que também significa que, se forem inteligentes e profissionais, os seus potenciais adversários não devem deixar a preparação das eleições para o último momento. Têm agora três anos para se prepararem, Já sabem com o que contam. E se este empresário cheio de ambições políticas ganhar outra vez, a responsabilidade será, por inteiro, dos seus adversários.




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