quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Fantômas, de novo!





— Fantômas!

— Que diz?

— Digo... Fantômas.

— Que significa?

— Nada... e tudo!

— Mas quem é Fantômas?

— Ninguém... mas, no entanto, alguém!

— Enfim, mas que faz esse alguém?

— Medo!!!

(Do primeiro volume, "Fantômas!", da edição portuguesa, de 1952, com tradução de António Feio.)


Edgar Rice Burroughs, Jules Verne, Emilio Salgari... até Karl May. E H. P. Lovecraft, essencial. E se estes autores e outros, os de ficção científica da Colecção Argonauta e os dos thrillers da Colecção Vampiro, preencheram as minhas leituras da adolescência, houve dois autores que talvez tenham sido os mais influentes: os franceses Pierre Souvestre e Marcel Allain.

Foram eles os criadores de uma série de trinta e dois romances publicados em França, em sequência entre 1911 e 1913. Em Portugal foram publicados a partir de 1952 pela editora Dois Continentes/Civilização e eu consegui lê-los todos. 

A história, sobre um criminoso formidável conhecido apenas por Fantômas, está intimamente ligada à realidade francesa do princípio do século passado, mas a força da sua narrativa não perde com os cem anos que já passaram sobre a obra original. E, de certa forma, foi deixando a sua marca em muitas outras histórias ao longo dos anos, tanto na caracterização das principais personagens como no modo viciante como se desenvolve. Fantômas vive, por exemplo, na extraordinária figura televisiva de Raymond Reddington, da série televisiva "The Black List", e no superciminoso Keyser Sozé de "Os Suspeitos do Costume".

Decepcionado com o que parece ser uma tendência empobrecedora dos thrillers contemporâneos, que estão a ficar cheios de estereótipos (como vi, a certa altura, na ficção científica e no fantástico, o que me fez voltar para o "policial"), decidi regressar a Fantômas.

A minha primeira opção acabou por ser a edição integral da editora francesa Robert Laffont, mas, estando razoavelmente à vontade com francês padrão dos nossos dias, senti algumas dificuldades com os textos originais. E em dois alfarrabistas encontrei um conjunto de quase vinte números da colecção original portuguesa. 

E, para já (volumes 1 e 2), a coisa promete...




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