sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Um ano depois: a fraude política e o desastre

 



Granja, na Serra do Bouro: uma obra por concluir há dois anos

Em 26 de Setembro de 2021, um empresário de Caldas da Rainha chamado Vítor Marques, ganhou as eleições autárquicas e chegou a presidente da Câmara Municipal.

Fê-lo com um movimento "independente" a que chamou "Vamos Mudar" e, com a presidência da câmara, ganhou algumas juntas de freguesia. O seu adversário, derrotado, foi um burocrata do PSD chamado Tinta Ferreira.

Um ano depois, o balanço que se pode fazer de doze meses de gestão municipal por parte de Vítor Marques e de algumas pessoas que chegaram com ele ao poder, mostra uma tendência clara para o desastre, ensombrada por o que não pode deixar de ser visto como uma fraude política. 

Porque a ausência de mudanças é uma aposta clara no retrocesso. E o que se vê é, ao contrário do que era proclamado, nada mudou. Os problemas que existiam mantiveram-se, agravando-se pela inexistência de acção pública da Câmara Municipal e das juntas de freguesias dominadas pelos eleitos do "Vamos Mudar". 

Uma coisa são os discursos e os escritos do novo presidente, outra coisa é aquilo que a Câmara Municipal faz. 

Não há uma obra concluída, não há manutenção e melhoria de espaços e, a avaliar pelo que se passa na Serra do Bouro, onde resido, tudo ficou como estava há um ano: ruas esburacadas e com fendas profundas depois de terem sido pavimentadas há dois anos, placas toponímicas inexistentes ou tipo lápidas funerárias, bermas por terminar, lixo acumulado... tudo o que já estava bem visível em 16 de Setembro de 2021. E, neste âmbito, a passagem do tempo sem que nada se resolva só agrava os problemas. Ano após ano.

O melhor exemplo, pelo simbolismo de que se reveste e pelos reduzidos encargos que teria, é o da pequena rotunda da fotografia, no sítio conhecido como Granja, na Serra do Bouro. 

Parecendo sobredimensionada, terá evitado os frequentes acidentes de viação. Foi construída em Agosto de 2020, mas o seu centro ficou como está: por terminar, com um cano dobrado, num monumento à incúria e à incompetência autárquicas. Esta fotografia foi tirada no ano passado e, este ano, o que há a mais são ervas que foram crescendo. E só não há sacos de lixo porque, para os depositar no local, é necessário atravessar a rua. 

Custaria muito "fechar" a obra com uma qualquer cobertura de pedra, por exemplo? Não.

Se a situação de Caldas da Rainha é um desastre, Vítor Marques não deve, pessoal e politicamente, ter razões de queixa. Politicamente, subiu na vida. Chegou a presidente de câmara e, grande triunfo!, até teve um artigo publicado no "Diário de Notícias". O ambiciona, a seguir? Ser, nas próximas eleições autárquicas, ser candidato à Câmara Municipal pelo PS, com quem se apressou a entender-se? Ser, depois, deputado por este partido no Parlamento? A ambição não tem limites. Mas o que vai ficando não o torna recomendável.

Em Junho deste ano publiquei aqui um texto sobre o exclusivo de venda de bebidas num certame co-organizado pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 

A empresa que ficou com esse exclusivo foi a empresa do presidente da câmara. O que escrevi não só não foi esclarecido por Vítor Marques como não foi negado. Todas as entidades envolvidas optaram pelo silêncio, recusando-se a esclarecer este "caso". Aliás, Vítor Marques já cultiva uma arrogância que o leva a não responder às perguntas que os cidadãos eleitores lhe dirigem. Mas, mesmo que os jornais locais não lhe mordam a mão (abençoada Câmara Municipal, que os vai sustentando), as coisas vão-se sabendo.

Em termos práticos, o modo como o "Vamos Mudar" evoluiu ao longo destes doze meses, passando de uma candidatura eleitoral, que parecia abrangente, a uma espécie de partido unipessoal dirigido por Vítor Marques, é um verdadeiro acto de traição para com os seus eleitores. E, aliás, nem é a primeira vez que tal acontece.

Nesta perspectiva, e no domínio político, o "Vamos Mudar" é uma fraude, uma fraude política: fez de conta que era uma coisa e só serviu para beneficiar quem o criou e encabeçou.

É disto que gostam os eleitores de Caldas da Rainha?


Nada mudou.



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