domingo, 18 de setembro de 2022

Ler jornais já não é saber mais (155): jornalismo de investigação, para variar

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Suponho que esta ainda não se sabia, ou, pelo menos, não me recordo de alguma vez ter sido assim noticiado: o agora empresário Paulo Portas (que, muito obviamente, gostaria de ser Presidente da República) foi entalado em Julho de 2013 pelo então poderoso Ricardo Salgado, que não o deixou demitir-se do governo nessa altura encabeçado por Pedro Passos Coelho.

O episódio foi contado pelo "Tal&Qual" do passado dia 19, num raro exemplo de jornalismo de investigação, a partir do depoimento do primo de Salgado, o também banqueiro José Maria Ricciardi, que viu o então ministro demissionário a chegar ao último andar da sede do Banco Espírito Santo, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, onde teria sido chamado por Salgado. O depoimento de Ricciardi foi prestado ao procurador Rosário Teixeira e ao inspector tributário Paulo Silva, em Fevereiro de 2017, no âmbito da Operação Marquês.

Segundo Ricciardi, o banqueiro (já com o BES em crise e sem conseguir que o governo de Passos Coelho o apoiasse, como outros políticos fizeram) terá forçado Portas a recuar na demissão, que deixou de ser "irrevogável", e a regressar ao Governo.

Paulo Portas, que aos comandos do falecido "O Independente", massacrou muita gente, não se livra da suspeita que o "Tal&Qual" não deixa de evocar, sugerindo que Ricardo Salgado teria elementos capazes de obrigar o político a fazer o que ele queria. Seria o negócio dos submarinos (decidido por um governo de António Guterres, mas concretizado por Portas na qualidade de ministro da Defesa, que deu uma comissão de 27 milhões de euros à Escom, do Grupo Espírito Santo, em troca da sua assessoria).

Ou isso ou, por exemplo, a concretização da famosa paixão, eventualmente cinéfila, de Portas pela actriz francesa Catherine Deneuve. Mas a isso já o "Tal&Qual" não se refere.

Veremos como vai ser até às eleições presidenciais...









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