Há pessoas que julgam que os potenciais assaltantes das suas casas são tão estúpidos como elas e recorrem a um mecanismo antigo mas idiota: põem um cão à solta (ou ignominiosamente enclausurado) fora de casa e acreditam que os seus latidos são suficientes para desencorajar possíveis ladrões.
Só que não são. E por dois motivos.
O primeiro é o tipo de ruído feito pelo cão. Não é difícil perceber, mesmo sem o ver, se o cão é grande ou pequeno, ou se está a ladrar por ser agressivo contra um eventual intruso ou por ter medo. Ou porque apareceu algum gato, ou outro animal. E o segundo é o da capacidade "profissional" do eventual assaltante. Nenhum ladrão com alguma experiência assalta uma casa isolada sem tentar perceber antes qual o tipo de valores que os seus proprietários possuem e podem ter em casa. O reconhecimento do terreno implica saber, se houver cão, qual o tipo de perigo que o bicho representa.
E, claro, se os habitantes da casa dão sinais de vida quando, de noite, ouvem o cão a ladrar. Ou, mesmo, se o ouvem.
Veja-se o caso de uns vizinhos meus, que são do pior que existe.
O cão, um podengo mal tratado e já nada novo, bem pode ladrar de noite (e mesmo de dia...) que os tipos não ligam nenhuma. No meio do campo, por onde passam outros mamíferos de pequeno porte, é habitual que se ponha a ladrar de noite, ou já no fim da madrugada, e eles estão-se absolutamente nas tintas. O cão pode incomodar os outros vizinhos, mas a eles é que não incomoda.
Não sei, claro, se o eventual esforço o justifica, mas tenho pensado que um assaltozinho é que lhes havia de fazer bem. Talvez percebessem.
E onde é, já agora?, perguntará o leitor eventualmente interessado. Faça favor: é na Rua Maria Matos, número 1, na Serra do Bouro.
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