terça-feira, 12 de julho de 2022

Eliminem-se as pessoas que logo se resolvem os problemas

A lógica dos confinamentos da ex-pandemia do SARS-CoV-2 já tinha sido esta: tirem-se as pessoas da frente, que só atrapalham, e, com jeito, desenrascanço e a complacência da imprensa, tudo se há de resolver.

Foram, lembram-se?, em 2020 e em 2021, dois anos de “15 declarações do estado de emergência, 11 declarações de situação de alerta, 11 declarações de situação de calamidade, duas declarações de situação de calamidade, contingência e alerta, três declarações de situação de contingência e alerta e três declarações de situação de contingência”, conforme registou o presidente do Tribunal Constitucional.

E resolveu-se alguma coisa? Como todos os vírus respiratórios, o SARS-CoV-2 fez o seu caminho e o Serviço Nacional de Saúde, aliviado da "pressão" dos doentes e potenciais doentes "normais", ficou ainda pior do que já estava. A ponto de uma directora-geral e recomendar publicamente que não se adoeça em Agosto... com o apoio do Presidente da República.

Agora são os incêndios. Com a população presa em casa, nos verões de 2020 e de 2021, não houve nos dois últimos anos tantos fogos florestais. Mas houve-os, e com toda a brutalidade, em 2019, em 2018 e em 2017... matando mais de uma centena de pessoas nesse ano.

Com dias de mais calor (estamos no Verão, com temperaturas que podem, naturalmente, subir!), matas e florestas por limpar, uma situação de seca que torna mais fácil a propagação das chamas, a grande solução do Governo foi decretar mais "contigência"... e só não obrigou as pessoas a ficarem em casa porque isso apenas poderia ser conseguido com grandes dificuldades.

Ou seja: incapaz de resolver os problemas, o Governo optou, decididamente, pela lógica de mandar afastar as pessoas... porque assim já haverá problemas naquilo que depende do Governo.

Chegaremos, um dia, à opção de que é melhor ainda eliminar as pessoas que os problemas resolvem-se de imediato?


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Uma nota essencial: sei do que falo.

Moro numa zona rural e há extensões de território florestal que continuam por limpar, deixando habitações (como no grande incêndio aqui ocorrido em Outubro de 2017) à mercê das chamas. E os próprios serviços municipais limitam-se a "limpar" as bermas... e depois deixam a vegetação arrancada a secar ao longo das estradas.








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