sábado, 6 de junho de 2015

Recordando a desastrada fusão de freguesias de Caldas da Rainha a propósito do tardio arrependimento de um presidente...


Henrique José Teresa (PSD) é, pela quarta vez, presidente de uma junta de freguesia no concelho de Caldas da Rainha. Durante três mandatos esteve à frente da Junta de Freguesia da Tornada.
Quando, na desgraçada amalgamação de freguesias de 2012, a freguesia urbana da Tornada absorveu a freguesia de Salir do Porto, encostada a São Martinho do Porto e com praia, o pequeno domínio de Henrique Teresa tornou-se maior. Continuou presidente de uma junta de freguesia mais crescidinha e com vista para o mar. 
O problema da fusão das freguesias foi "chutado" para as assembleias de freguesia, no Outono de 2012, pelo então presidente da Câmara Municipal.
Nessa altura, já livre da ameaça de ser extinta, a assembleia de freguesia da Tornada criticou o projecto de fusão mas não insistiu. Recebeu como "presente" a freguesia de Salir do Porto, cuja assembleia de freguesia não foi além de algumas generalidades. Ninguém se importou muito com estas coisas porque o sector dominante no "xadrez" político local tornou-se ainda dominante com a fusão.
Os pormenores estão quase todos aqui e o mapa, em baixo, mostra bem a estupidez que foi a mistura de freguesias urbanas com freguesias rurais (que ficaram votadas ao abandono) por cima de outras freguesias, como foi o caso da inclusão de Serra do Bouro na freguesia de Santo Onofre.





Agora, mais de dois anos e meio depois, o ilustre presidente diz que discorda. À "Gazeta das Caldas" disse: "Creio que esta fusão não foi bem feita." E ainda acrescentou: "Para mim o que fazia sentido era criar-se a Junta de Freguesia Atlântica, que iria agrupar Foz do Arelho, Nadadouro, Serra do Bouro e Salir do Porto. (...) E, já agora, porque não se juntam as duas freguesias da cidade?"
 
Recordemos...
 
A experiência autárquica (que é mais tipo "zona de conforto" do que outra coisa) não gera, só por si, um discernimento acrescido. E o axioma de que "mais vale tarde do que nunca" não é consolo nenhum. O facto de Henrique Teresa vir agora dizer o que era óbvio não joga a seu favor.
Até porque o que ele agora diz já eu disse em Outubro de 2012, ao apresentar o meu modesto contributo para o debate da fusão de freguesias. 
Vale a pena recordá-lo (até para ilustrar o que tem sido a minha intervenção "à distância", antes de outros descobrirem as particularidades da política autárquica):
 
1 - Na zona interior do concelho devem manter-se as oito freguesias actualmente existentes (Salir de Matos, Carvalhal Benfeito, Santa Catarina, Alvorninha e Vidais, São Gregório, A-dos-Francos e Landal);
2 - A cidade de Caldas de Rainha deve ter uma só freguesia, sendo agregadas as freguesias de Santo Onofre e de Nossa Senhora do Pópulo, com uma designação alusiva ao nome da cidade;
3 - Na costa atlântica devem juntar-se as freguesias de Salir do Porto e Serra do Bouro, com uma designação que releve a importância do litoral e com a palavra «atlântico» no nome;
4 - As freguesias da Foz do Arelho e do Nadadouro devem transformar-se numa só, com uma designação que releve a importância da frente balnear oceânica e da Lagoa de Óbidos;
5 - A pequena freguesia do Coto deve ser agregada à freguesia da Tornada.

Como se costuma dizer, relativamente ao presidente do interior que passou a ter vista para o mar, tarde piou. Se foi o primeiro, não deve ter sido o último...

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