quarta-feira, 24 de junho de 2015

Os problemas nacionais da política local

 
A coligação PSD/CDS até ganharia mais, em Caldas da Rainha,
se algumas criaturas não aparecessem a defendê-la...


Admito que Pedro Passos Coelho também pudesse ser um bom presidente de Câmara Municipal. Mas já não consigo ver o actual presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, numa função no Governo e, muito menos, no cargo de primeiro-ministro.
Mas são ambos do mesmo partido, o PSD, que, nas eleições legislativas deste ano, vai a votos para saber se voltará de novo ao Governo, ou não, e coligado com o CDS.  
Isto significa que o voto no PSD (e na sua coligação com o CDS) nas eleições legislativas dos eleitores do concelho de Caldas da Rainha não é um voto em Tinta Ferreira mas em Pedro Passos Coelho. Ou seja: nas eleições legislativas, o PSD caldense não pode reivindicar como seu o voto recebido no PSD.
Isto significa também que um voto em Tinta Ferreira nas eleições autárquicas não foi, nem será, necessariamente, um voto no PSD nacional, embora o PSD nacional possa contabilizar, como todos os partidos, os votos dos eleitores deste concelho numa perspectiva nacional. 
O mesmo se aplica ao CDS e às segundas figuras do Governo e da Câmara Municipal de Caldas da Rainha.
Este factor está na base da pequena polémica surgida nos últimos dias entre o PSD e o CDS: os dois partidos estão coligados para as eleições legislativas e no actual Governo numa perspectiva nacional e os seus representantes locais fazem campanha pela coligação... mas depois não calam as suas diferenças relativamente aos assuntos do concelho caldense.
E acontece até que o PSD local (numa posição que só revela uma assinalável debilidade) nem gosta de ter o CDS local, que o critica, como aliado para as eleições nacionais e assim se manifestou. O representante do CDS local, porém, não parece ter ficado muito incomodado.
Por isso parece, e ainda bem, que, sobre os assuntos locais, os dois partidos da coligação governamental vão continuar como adversários e que o CDS vai continuar a ser, e bem, adversário político de Tinta Ferreira. Digamos que é de esperar que as vozes que ilustram estas "turras" (na expressão do "Jornal das Caldas") não cheguem ao céu.
Aliás, este distanciamento entre o plano nacional e o plano local não é novo e tem outras variantes que até são um pouco mais bizarras.
É o caso do PCP caldense, por exemplo, que neste concelho se tem mostrado mais preocupado com o "pacto de agressão" do que com os problemas locais e que defendeu um aumento de impostos que contraria o que diz em termos nacionais. E é ainda o caso, mais recente, do movimento independente MVC que resolveu trocar a sua intervenção local (objectivo com que se constituiu) pelo apoio a um candidato às eleições presidenciais.
O equilíbrio entre o nacional e o local é difícil mas será bom que os que se desequilibram não prejudiquem o eleitorado.





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