Ainda hão de dizer que eles vêm aí... |
Segundo se lê no "Observador", os militares na reserva vão fazer vigilância nas escolas, no exterior e no interior, num "complemento" ao Programa Escola Segura (PSP/GNR), de acordo com uma decisão governamental.
Como era inevitável (junta-se a fome do preconceito político à vontade de comer do combate político), ergueram-se contra a decisão os habituais gritos de discórdia, unindo PCP, associações militares e directores de escolas.
Os argumentos são, generalizadamente, idiotas e chegam ao ponto de sugerir uma ameaça militar no domínio da segurança interna, ficando à beira (no que toca ao PCP) de uma referência ao risco de um golpe militar. Mas são idiotas, também, porque ignoram o que aconteceu há cerca de trinta anos e que, para contentamento de todos, veio a dar resultado.
A decisão de chamar militares na reserva e outros agentes de autoridade foi tomada em 1986, centrando as operações no que depois foi instituído como Gabinete de Segurança, no Ministério da Educação. O sistema, coordenado por um militar discreto mas eficaz (o agora coronel Jorge Parracho, que comandara a PSP em Macau), deu resultado.
Em 1992 foi assinado um protocolo entre os Ministérios da Educação e da Administração Interna que deu um carácter mais institucional a esta intervenção.
Em 1997, por pura propaganda e por desinteresse do Ministério da Educação, o Gabinete de Segurança foi transformado no Programa Escola Segura e entregue à PSP e à GNR, passando a dispor de carros devidamente pintados (que ainda vêem hoje a circular, usados para todo o serviço).
É possível que tenha melhorado em termos quantitativos mas, em termos qualitativos, não se sabe.
Em todas as suas modalidades, no entanto, o projecto idealizado pelo então major Jorge Parracho, nunca foi contestado. Nem em termos políticos nem em termos de eficácia. As escolas tornaram-se realmente mais seguras. Os sindicatos, sintomaticamente, nunca se fizeram ouvir a este respeito. O modelo, infelizmente, nunca foi avaliado como devia ter sido.
Faltam agora pormenores, sobre a articulação dos militares na reserva que podem ser envolvidos na segurança das escolas com as autoridades policiais e com as autoridades escolares, mas isso não autoriza a transferência de uma medida destinada a garantir a segurança dos alunos e dos professores para a demagogia que cada vez mais habita o quadro político.
É típico dos tempos que correm, onde a racionalidade e a responsabilidade já foram atiradas para o lixo pela "esquerda" tola.
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