segunda-feira, 15 de junho de 2015

Segurança das escolas: só falta dizer que vem aí um golpe militar...

 
Ainda hão de dizer que eles vêm aí...
 
Segundo se lê no "Observador", os militares na reserva vão fazer vigilância nas escolas, no exterior e no interior, num "complemento" ao Programa Escola Segura (PSP/GNR), de acordo com uma decisão governamental.
Como era inevitável (junta-se a fome do preconceito político à vontade de comer do combate político), ergueram-se contra a decisão os habituais gritos de discórdia, unindo PCP, associações militares e directores de escolas.
Os argumentos são, generalizadamente, idiotas e chegam ao ponto de sugerir uma ameaça militar no domínio da segurança interna, ficando à beira (no que toca ao PCP) de uma referência ao risco de um golpe militar. Mas são idiotas, também, porque ignoram o que aconteceu há cerca de trinta anos e que, para contentamento de todos, veio a dar resultado.
A decisão de chamar militares na reserva e outros agentes de autoridade foi tomada em 1986, centrando as operações no que depois foi instituído como Gabinete de Segurança, no Ministério da Educação. O sistema, coordenado por um militar discreto mas eficaz (o agora coronel Jorge Parracho, que comandara a PSP em Macau), deu resultado.
Em 1992 foi assinado um protocolo entre os Ministérios da Educação e da Administração Interna que deu um carácter mais institucional a esta intervenção.
Em 1997, por pura propaganda e por desinteresse do Ministério da Educação, o Gabinete de Segurança foi transformado no Programa Escola Segura e entregue à PSP e à GNR, passando a dispor de carros devidamente pintados (que ainda vêem hoje a circular, usados para todo o serviço).
É possível que tenha melhorado em termos quantitativos mas, em termos qualitativos, não se sabe.
Em todas as suas modalidades, no entanto, o projecto idealizado pelo então major Jorge Parracho, nunca foi contestado. Nem em termos políticos nem em termos de eficácia. As escolas tornaram-se realmente mais seguras. Os sindicatos, sintomaticamente, nunca se fizeram ouvir a este respeito. O modelo, infelizmente, nunca foi avaliado como devia ter sido.
Faltam agora pormenores, sobre a articulação dos militares na reserva que podem ser envolvidos na segurança das escolas com as autoridades policiais e com as autoridades escolares, mas isso não autoriza a transferência de uma medida destinada a garantir a segurança dos alunos e dos professores para a demagogia que cada vez mais habita o quadro político.
É típico dos tempos que correm, onde a racionalidade e a responsabilidade já foram atiradas para o lixo pela "esquerda" tola.

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