terça-feira, 23 de julho de 2013

O que é que eles andaram a fazer?

Os candidatos às eleições autárquicas, e estou a referir-me aos que ocuparam e ocupam cargos na Câmara, na Assembleia Municipal e nas Juntas de Freguesia (e que, em maior ou menos dimensão, tiveram responsabilidades no que foi feito e não foi feito), não têm o hábito de prestar contas ao eleitorado.
Esta ausência de prestação de contas (o "accountability" anglo-americano) acaba na prática por branquear os quatro anos de funções públicas que exerceram, remuneradas directa ou indirectamente, numa tentativa de iludir as pessoas a quem vão pedir votos.
Na Câmara ou na Assembleia Municipal, especialmente, sentem-se resguardados do povo e não vêem para lá da sua zona de conforto imediata, pensando que quatro anos são um bom período para ganharem qualquer coisa, enredando-se em pequenos e médios debates que (como se pode ver aqui) nada têm a ver com o quotidiano do concelho.
É gente que intervém para mostrar ao partido que ainda existe, para se ouvir a si própria, com o mesmo zelo com que qualquer pessoa discute em família a vida e os segredos dos vizinhos.
No caso de Caldas da Rainha, o candidato "herdeiro" do presidente da Câmara que desapareceu para outro concelho, tem de fazer de conta que nunca existiu porque o estado lamentável do concelho é, obviamente, da sua responsabilidade.
Pelo PS, já vimos o alheamento orgulhoso do seu candidato relativamente aos problemas reais do concelho.
O CDS manifesta-se quando não tem lugar à mesa do poder e cala-se quando tem.
O PCP e o BE, sem qualquer vocação para o poder, exercitam a sua peculiar "agitprop" mas sempre nas nuvens das suas próprias utopias - se se opuseram ao aumento do preço da água, já nem sequer se devem ter lembrado de quanto o aumento prejudicou as famílias nos termos em que foi feito; o gigantesco empreendimento turístico, de que ninguém consegue afastar as interrogações se terá havido, ou não, corrupção e branqueamento de capitais, não os preocupa.
Afastado até agora dos órgãos de poder, e demonstrando uma energia assinalável, o Movimento Viver o Concelho, da independente Maria Teresa Serrenho, já representa (só por ter aparecido) uma esperança de que alguma coisa pode mudar neste triste esquema de coisas.
É, neste momento, a única esperança que podemos ter, aliás.

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