1 - Se tivesse alinhado no acordo desejado pelo Presidente da República, António José Seguro teria garantido a chegada do PS ao poder em 2014 e conseguiria que, até lá, as medidas antipáticas fossem tomadas apenas pelo governo do PSD e pelo CDS, podendo ter até a oportunidade de as tornar menos antipáticas, ou de fazer de conta que conseguia que elas fossem menos antipáticas.
2 - Com esse acordo, o PSD e o CDS chegariam enfraquecidos às eleições legislativas de 2014, sem tempo para tomarem medidas compensatórias, e dificilmente ganhariam essas eleições. As eleições autárquicas de Setembro seriam um prenúncio dessa derrota e turvariam definitivamente o ambiente.
3 - Ao ceder às pressões imediatistas de Mário Soares, Manuel Alegre e José Sócrates, António José Seguro revelou uma fraca capacidade de liderança: se cedeu a uns também pode vir a ceder a outros; ou a quaisquer outros. Se não obtiver um resultado muito positivo nas eleições autárquicas de Setembro, e afastada a hipótese de o PS voltar ao poder em 2014, fica numa posição interna ainda mais débil.
4 - O PSD e o CDS ganharam dois anos, politicamente: um primeiro ano para acabar de aplicar o memorando da "troika" e um segundo ano para suavizar algumas das coisas que fizeram.
5 - Se o conseguirem fazer e se se apresentarem coligados em 2015, o resultado das eleições legislativas desse ano pode vir a ser-lhes favorável.
6 - Nesta perspectiva, as eleições europeias de 2014 serão mais perigosas para o PSD e para o CDS do que as eleições autárquicas de Setembro deste ano.
7 - Porque foi agora para Seguro e para o seu PS, e não para o PSD e o CDS, que as eleições autárquicas se tornaram de repente mais perigosas. Ao prestar vassalagem aos verdadeiros donos do PS, Seguro vai ter o seu momento "Guerra dos Tronos": ou vence ou morre. E caberá a António Costa erguer o machado para o decapitar, com a protecção dos que obrigaram Seguro a ficar inseguro.
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