sábado, 3 de novembro de 2012

Touriga Nacional: o perigo da uniformização

 
A casta Touriga Nacional é uma das melhores castas tintas portuguesas, se não a melhor, e, em mistura virtuosa com as outras castas recomendadas para essas regiões, é a que garante a identidade única dos vinhos tintos do Dão e do Douro.
Nestas regiões começou também a ser utilizada como casta única, ou dominante, o que não é a mesma coisa, apesar de os rótulos não serem por vezes muito informativos. E no Dão - onde terá nascido - há belos tintos feitos apenas de Touriga Nacional (são genuínos e magníficos, por exemplo, os da Quinta da Fata, em Vilar Seco, no concelho de Nelas).
O êxito da Touriga Nacional e a sua valorização por parte de segmentos de consumidores deram origem a uma tendência perigosa: tal como antes a muito doce Cabernet Sauvignon era a casta da moda, também a Touriga Nacional começa a ser crescentemente utilizada em tudo quanto é sítio. E no Alentejo, que já tem a sua casta Castelão ou Periquita, torna-se moda, sozinha ou de mistura com a casta Syrah.
É possível que isto assegure mais vendas mas é preocupante constatar que também assegura outra coisa: o desaparecimento da individualidade das regiões e dos seus "terroirs". E, com isso, o vinho tinto torna-se todo ele igual. É um disparate que os produtores e os enólogos mais avisados deviam saber prevenir.

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