segunda-feira, 13 de outubro de 2025

A vitória manca do Vamos Mudar em Caldas da Rainha


Não há proclamações, gestos ou festas que consigam esconder a vitória muito manca que o partido unipessoal do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Vítor Marques, obteve: o Vamos Mudar teve só mais 140 votos do que o seu principal adversário (a coligação PSD/CDS), ganhou só mais 423 votos do que em 2021 e perdeu na Assembleia Municipal (perdeu um lugar, ficando com 8, enquanto o PSD e o CDS ganhavam 10 lugares, mais um do que em 2021). 

Por muito que os devotos de Vítor Marques rejubilem, na expectativa de apanharem mais umas migalhas ao longo dos próximos quatro anos, as coisas mudaram e a arrogância de Marques, que mandava os eleitores acreditarem nele, pode ter pela frente alguns obstáculos difíceis. A começar pela Assembleia Municipal, onde o presidente deverá ser o antigo presidente da Câmara Municipal, Fernando Costa, número um da lista do PSD e do CDS para este órgão municipal.

Nestas eleições, que podem ser analisadas mais em pormenor a partir dos quadros em baixo, retirados do site do Ministério da Administração Interna, há mais três elementos dignos de nota:

A extinção do PS - O PS de Caldas da Rainha prostituiu-se festivamente ao Vamos Mudar na esperança de chegar ao poder. Em 2021 ainda tinha encontrado 2724 eleitores em Caldas da Rainha. Agora, que se perceba, os seus eleitores desapareceram, pelo menos enquanto eleitores do PS. E nem se pode pensar que os 423 votos ganhos pelo partido do presidente da Câmara em quatro anos são tudo o que conseguiu obter do PS.

A ascensão do Chega - O Chega chegou à terceira posição e conseguiu um vereador e três lugares na Assembleia Municipal. Só no que se refere à Câmara Municipal, passou de 646 votos em 2021 para 2871 votos em 2025. Se os seus representantes trabalharem nos órgãos para que foram eleitos, é natural que o resultado melhore nas próximas eleições. 

Os micro-partidos - Destas eleições, e neste concelho (e considerando apenas a eleição da Câmara Municipal), saiu um quadro partidário em duas velocidades. Há um campo com três grandes partidos: o PSD (com o CDS), o Vamos Mudar (que é para todos os efeitos, um partido político). E há um campo com cinco partido: Iniciativa Liberal, ADN, Livre, PCP e BE. No primeiro campo estão 21 651 eleitores e, no segundo, apenas 2624. Os eleitores são, no total, 45 736, tendo havido 45,09 por cento de abstenção.














Freguesias: PSD - 9, VM - 3


Na eleição das Assembleias de Freguesia, cujos resultados podem também ser obtidos no mesmo site, o VM foi claramente derrotado.

O PSD, geralmente em coligação com o PSD, ganhou em nove e o VM ganhou apenas três. Destas, duas são na cidade capital do concelho (e Marques foi presidente de junta numa delas) e uma é do interior. O desprezo com que a Câmara Municipal do VM tratou o interior teve o devido castigo e é pena que não se possa fazer a destrinça dos votos das Uniões de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro e Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório para saber como terão votado os eleitores das zonas rurais destes acasalamentos de freguesias. 

Quanto à Foz do Arelho, perdida pelo grupo de independentes que teve o apoio interesseiro do VM, poderá dizer-se que uma escultura com a aparência de um corpo celestial não resolveu as dúvidas terrenas sobre o comportamento do seu principal inspirador.






1 comentário:

Ana Isabel Pinto disse...

O primeiro mandato criou expectativas de mudança e melhoria e mais uma vez, a montanha pariu um rato. Do estado de graça passou a estado de preso por arames enferrujados e com uma oposição que não lhe vai facilitar nada a vida. Mais 4 anos ... (suspiro)