quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Eleições de 12 de Outubro de 2025 em Caldas da Rainha (1): quatro pormenores

 

O oportunismo de Vítor Marques e a cobardia do PS - O VM comprou o apoio do PS e o PS, que já desistiu de existir em Caldas da Rainha, vendeu-se ao poder. 

O primeiro outorgante dá ao segundo alguns lugares à mesa do repasto do poder e o segundo outorgante vende a sua dignidade por esses lugares. Não é garantido, no entanto, que os votos do PS cheguem para dar a vitória ao VM, o que não deixaria de ser uma derrota em grande para esta aliança. 

Convém olhar para os números das eleições mais recentes com olhos de ver para perceber que os 10 mil votos de cuja propriedade já se arroga o chefe do VM não são, garantidamente, seus.


A concentração de votos dos eleitores mais fiéis do PSD e do CDS e de outros eleitores e uma possível dispersão de votos dos eleitores órfáos do PS podem deixar o VM em má posição


Inutilidades - Há mais seis candidatos à presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, além dos dois principais concorrentes, Hugo Oliveira (AD) e Vítor Marques (VM): Carlos Barroso (ADN), Carlos Ubaldo (BE), Carlota Oliveira (IL), Duarte Raposo (PCP), João Arroz (Livre) e Luís Gomes (Chega). 

Nas oito páginas que o "Jornal das Caldas" lhes dedica na edição desta semana, com as mesmas perguntas a todos, percebe-se que, com o devido respeito pelos mecanismos da democracia, cinco candidaturas são inúteis. Vieram às eleições porque tinham de vir, para os seus partidos fazerem prova de vida. Nunca chegarão ao poder neste concelho. As suas respostas ao questionário do jornal são feitas de banalidades e, ao ler algumas delas, até se pode pensar que nem sabem do que estão a falar. 

Já Hugo Oliveira, Vítor Marques e Luís Gomes estão mais à vontade e percebe-se que conhecem o concelho e os seus problemas. Dos três, mas julgo que sem estar em posição de ganhar, a candidatura do Chega e de Luís Gomes é uma boa surpresa e, ao contrário do que tende a dizer-se, o Chega apresenta-se a estas eleições com um bom programa e candidatos que parecem pensar pelas suas cabeças.


Programas - Confesso que não conheço os programas de todas as candidaturas. Não os procurei e os poucos elementos que vi chegaram-me, aleatoriamente, pelas redes sociais e pelos vídeos de alguns dos candidatos e, até, pelas respostas dadas ao questionário do "Jornal das Caldas". Pus-me, em certa medida, no papel do eleitor mais desatento, a quem é necessário fazer chegar os programas eleitorais. Se é que as respectivas candidaturas acham que isso é relevante, claro. E quase nada me chegou.

Do que vi, como já escrevi, gostei do programa do Chega, achei bastante sólido o que vi do programa da AD (com o deslize delirante da reivindicação de uma faculdade de Medicina para o concelho, que é um disparate absoluto!...) e fiquei estarrecido com a ênfase dada pelo VM à necessidade que o eleitorado tem de "acreditar" nele. Ou seja, não se deve votar no VM pelo seu programa (e, bem, o de 2021 só terá sido cumprido em 30 por cento) mas por "acreditar" no seu chefe... Nunca tinha visto nada assim. O VM passou de partido unipessoal a seita religiosa?


A questão do novo hospital do Oeste - Não há ninguém que consiga fazer isto como deve ser? Um governo do PS decide que é no concelho do Bombarral para favorecer o PS local. O PS de Caldas da Rainha faz-se de mouco. O presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha reivindica o hospital no "seu" concelho e exclui conversas com os restantes concelhos vizinhos. O governo do PSD (e CDS) suspende a decisão e diz que é preciso fazer mais um estudo (a cobardia política dos estudos e dos "especialistas" que servem de escudo aos governos medrosos), numa decisão que parece feita à medida das candidaturas do PSD na região. Os partidos de Caldas da Rainha interpretam, ou não, a decisão como lhes dá jeito. E, entretanto, não há hospital.






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