quinta-feira, 2 de outubro de 2025

O falhanço da gestão municipal do Vamos Mudar (9): mau gosto público com decisões e despesas confidenciais

A gestão da Câmara Municipal e das juntas de freguesias de Caldas da Rainha pelo partido unipessoal Vamos Mudar é um desastre. 

Não é profissional e/ou tecnicamente equilibrada. 

É uma mistura repelente de amadorismo, arrogância e incompetência, tudo submetido a um único fim: perpetuar, até onde seja possível, o controlo de cargos e de funções. É uma situação em que os gestores, incompetentes, da coisa pública a tomam como sua e agem como novos-ricos, a esbanjarem dinheiro por capricho (e, depois, com destinatários bem definidos ao arrepio das regras da transparência e do bom senso).

Eis três exemplos da desgraça a que chegámos. 



As manilhas da loucura

Em 1 de Dezembro de 2023 choveu torrencialmente na região onde resido (Serra do Bouro, Caldas da Rainha) e as águas abriram sulcos profundos no caminho selvagem aberto em tempos numa colina inclinada. 

Terra, entulho e cascalho invadiram a estrada (considerada "rua", com o nome da actriz Maria Matos). O presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, que deve conhecer tão bem a zona como deve conhecer os seus sonhos e pesadelos de outras épocas, achou que haveria sempre água a correr pela colina e que a maneira mais simples de resolver o problema era arranjar um canal de drenagem para um "aqueduto" por sinal inexistente. 

Recorrendo a processos contabilisticamente duvidosos, que envolvem pessoal e máquinas dos Serviços Municipalizados, lá teve a sua obra feita. Como está à vista, e note-se que nunca mais choveu dessa maneira desde essa data, como não tinha chovido antes, e as manilhas ficaram cheio de terras e pedras. Mas o presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro fez o que queria: uma inutilidade feia.



Só num dia de chuva extraordinariamente torrencial, em mais de vinte anos, é que houve aqui uma enxurrada. Mas foi o suficiente para justificar este delírio



A escultura do amigo

Houve alguém (nestas coisas é sempre conveniente que nunca se saiba quem foi...) que decidiu que uma pequena rotunda, na zona da Granja, Serra do Bouro, precisava de uma escultura. 

Depois, o que terá acontecido? Apareceu primeiro a ideia, numa associação absolutamente ignorante da emigração aos Descobrimentos? Ou ficou a ideia para o artista? 

Sem qualquer consulta pública, sem qualquer concurso de ideias, ignorando estudantes e professores da Escola Superior de Artes e Design, teoricamente um ex-libris do concelho, foi feito e posto um mamarracho na rotunda, com cerimónia benzida pela Igreja e banquete e, como não podia deixar de ser, com a participação do chefe, o próprio presidente da câmara.

A coisa custou, e a informação nem é oficial, 24 mil euros. É feia, é irrelevante e o ferro está todo ferrugento. Embora o presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro diga que o aspecto degradado é de propósito, a imagem da coisa é miserável.

Fizeram o que quiseram, mais uma vez. E mal, como sempre.


A escultura, paradoxalmente feia, de visibilidade diminuta e agora coberta de ferrugem, e o artista Carlos Enxuto que, por acaso, é ceramista e não especialista em esculpir ferro



O monstro lá no alto

A mesma lógica (não se sabe quem foi que decidiu, não se sabe se apareceu primeiro o artista ou a ideia e o valor é confidencial) com um resultado que ainda é pior é o que se pode ver em mais uma rotunda, desta vez envolvendo o presidente de outra freguesia, da Foz do Arelho, e, mais uma vez, o chefe do Vamos Mudar.

A monstruosidade montada no centro de uma rotunda muito movimentada, que ganhou o nome popular de "Rotunda do Greenhill", devido à proximidade da famosa discoteca com a mesma designação, teve como autores Ovídio António, arquitecto e empresário (Ovídio António, Lda., arquitectura, e Renato Franco, escultor e empresário (Renato Franco Unipessoal, Lda.). Visualmente, a coisa é um horror, parecendo um monstro vindo do espaço saído dos contos de H. P. Lovecraft.

Não se sabe, mais uma vez, quem teve a ideia nem quanto do erário público foi aqui enterrado. Não houve, mais uma vez, transparência, consulta (pública ou menos pública) ou recolha de outras opiniões. A coisa saiu, como um bebé malformado, de um parto clandestino.

O presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, que tem andado politicamente na cama de quem o apoia, tomou todas as decisões e teve o carinho e o conforto do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha. Como se tudo lhes pertencesse. Mas, na realidade, o que lhes é exclusivo é o mau gosto.



O presidente da junta, o presidente da câmara e um erro de palmatória
condizente com o mamarracho: para eles, a Foz do Arelho é "Foz Arelho"





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