Podia pôr aqui fotografias das ruas e caminhos cheios de mato, das vias esventradas por arranjar, dos percursos pedestres bloqueados pela ausência de limpeza, dos caixotes do lixo cheios e sujos, do lixo que já nem vai para os caixotes, das canalizações rebentadas, dos abrigos (?!) para os poucos transportes público cheios de mato e de tantas outras coisas.
Mas a imagem deste aviso relativo ao que ainda resta da antiga freguesia da Serra do Bouro, onde vigoram períodos de encerramento para um qualquer tipo de férias de mais de 30 dias, é um verdadeiro símbolo do desprezo, que nunca foi tão grande, a que o interior do concelho de Caldas da Rainha foi votado: a população local não precisa de nenhum apoio municipal e os seus idosos só são aproveitáveis porque asseguram receitas às empresas funerárias.
E se isto aqui é assim, acredito que nas restantes freguesias do interior também o seja.
Quando para cá vim, há vinte anos, percebi como aqui também se praticava a dicotomia entre a cidade (a capital do concelho) e o interior rural, mesmo quando esse "interior" fica a dez quilómetros, ou menos, da sede do poder político local (a Câmara Municipal). A elite urbana tinha, como tem, horror aos campos do interior e o mais longe que vai, quando vai, é à zona de praia da Foz do Arelho. O resto, mesmo a "fronteira" ocidental com a estrada panorâmica que foi uma boa ideia do antigo presidente Fernando Costa, é ignorado.
O acasalamento forçado de freguesias, há mais de dez anos, só serviu para que a situação se agravasse. Acasalamento esse, nunca é demais repeti-lo, que foi absurdamente estúpido ao querer juntar freguesias por cima de outras freguesias.
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| O estúpido acasalamento das freguesias de Caldas da Rainha está aqui explicado |
A Serra do Bouro, que faz parte do litoral oceânico onde se encontram Salir do Porto e a Foz do Arelho (e inteligente teria sido unir estas três freguesias para dar maior dimensão ao valor turístico da frente de mar), ficou agregada a uma freguesia citadina, Santo Onofre. E não tardou que os serviços oficiais ainda existentes na ex-freguesia Serra do Bouro passassem para a sede da nova União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro.
Significativamente, os dois incompetentes presidentes da união de freguesias (de quem muito gostam os respectivos partidos...) fruto desse acasalamento preferiram sempre a cidade ao interior. Nada de diferente, só que a uma escala miseravelmente menor, do que separa Lisboa do resto de Portugal.
Preferindo o marketing e a comunicação em vez do trabalho efectivanente feito, o partido do chefe referiu-se ao "investimento" feito no âmbito das freguesias de Santo Onofre e da Serra do Bouro:
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| Como já aqui expliquei, ganhou a freguesia citadina (Santo Onofre), perdeu (ainda mais) a freguesia rural (Serra do Bouro) |
E nos seus oito "apoios em destaque" veja-se bem o que aparece: tudo na freguesia urbana de Santo Onofre e a "escultura da rotunda da Granja" como única obra na Serra do Bouro, a tal escultura a que aqui já me referi.
Não se preocuparam, com os 784 810.98€ ou com os 269 665€ (verbas não explicadas, já agora), em canalizar esse dinheiro, ou parte deles, para as ruas e caminhos cheios de mato, para as vias esventradas por arranjar, para os percursos pedestres bloqueados pela ausência de limpeza, para os caixotes do lixo cheios e sujos, para o lixo que já nem vai para os caixotes, para as canalizações rebentadas, para os abrigos (?!) dos poucos transportes público cheios de mato e tantas outras coisas.
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Não podia vir mais a calhar o vídeo, agora divulgado, de uma acção de propaganda da candidatura do Vamos Mudar à União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, que confirma o que escrevo.
Os militantes do partido do chefe andaram a saracotear-se... apenas na parte citadina desta união de freguesias (Santo Onofre). A Serra do Bouro não lhes interessa duplamente, realmente. Fica longe, muito longe, tem caminhos difíceis de percorrer e pensam que "só tem velhos e estrangeiros, que não interessam".





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