Há, literalmente, dezenas de candidatos (ou pré-candidatos, porque só serão candidatos quando entregarem as assinaturas dos seus proponentes) à eleição presidencial de 18 de Janeiro do próximo ano. Mas, de certo modo, o sistema já escolheu e só resta saber qual destes quatro é que será Presidente da República.
Este fragmento da primeira página do "Público" de 22 de Novembro é claríssimo: o jornal falido que continua a ser "de referência", que é um brinquedo de um dos grandes grupos económicos portugueses (a Sonae), define quem é que deve ser Presidente da República, criando uma "short list" para o efeito. Não sei se o "Público" justificou a sua selecção, mas isso pouco importa.
Ou seja: é como se já tivesse havido uma espécie de primeira volta, de onde foram repescados quatro candidatos: Marques Mendes, dito "o profissional" (em primeiro lugar, como se fosse ele o escolhido), Seguro, dito "o 'sem-amarras'", Gouveia e Melo, dito "o mergulhador", e André Ventura, "o mini-Trump". É como os famigerados debates televisivos: os "especialistas" determinam quem são os melhores e os piores candidatos. Nem vale a pena ir votar!
Esta intervenção do "Público" na campanha presidencial mostra como a eleição está inquinada. Há um pequeno punhado de candidatos (e surpreende-me que o "Público" não inclua Cotrim de Figueiredo na sua "short list") de onde sairá o próximo Presidente da República, muito provavelmente numa segunda volta, e uma colecção deles dos quais nenhum conseguirá chegar ao almejado cargo.
O pior, depois, é que nem o percurso nem a postura nem o currículo nem os princípios, programáticos ou outros, dos cinco (com Cotrim) do "Público" os mostra especialmente preparados para a função nem capazes de se diferenciarem entre si.
É certo que a "preparação", em si, é uma ilusão. Dizia-de de Marcelo Rebelo de Sousa que estava "preparado" para a coisa. Viu-se o triste resultado. E em matéria de representação do Estado? Alinham todos, coitados, pelos postulados belicistas da liderança da União Europeia. E isso, aliás, basta-me para os rejeitar, não sabendo, verdadeiramente, ao que vêm e não tendo grande apreço político por nenhum.
Não votei nas eleições europeias porque as principais candidaturas eram todas fiéis seguidoras da "madam" Fond of Lying. Repeti-lo-ei nesta eleição presidencial. E, perante cada um, não encontro outro que mereça o sacrifício do meu "voto útil".
Quantos aos outros todos, mesmo saídos de partidos de reduzida representação parlamentar, podem ter discursos muito acertados mas nunca serão eleitos. O voto neles é um verdadeiro voto inútil e, pela participação no acto, uma aceitação desta caldeirada política.
E a minha abstenção não é só válida para a primeira volta, mas também para a segunda. Nenhum deles me serve como Presidente da República, nem os da Sonae nem os outros.
(Imagem de fonte aberta de acesso público.)

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