domingo, 23 de novembro de 2025

Patadas na língua, patadas no jornalismo (9)


Os disparates que aqui se recolhem não são muitos, não sendo a sua recolha fruto de uma análise exaustiva da imprensa nacional. Mas aquilo que expõem é assustador e preocupante: há um nível elevado de verdadeiro analfabetismo funcional na comunicação social.

Vamos aos exemplos:

Frases à balda


Há frases cuja construção não parece obedecer a qualquer lógica. Ou que ninguém parece ter a preocupação de as ler, pelo menos, mais uma vez. Ou, pior ainda, elas até podem ser lidas antes de saírem para o domínio público… sem que ninguém dê pelas confusões e pelos erros que as tolhem.




"Água pelos pés"?! O contexto não está bem definido, mas ter "água pelos pés" é motivo para alarme? Na CNN tuga.






"Causou ferimentos em quatro feridos". Extraordinário. Na CNN tuga.




"Invasão à Rússia?! Na CNN tuga.






Se é certo que nem todos os militares são oficiais, já será mais verdade
que todos os oficiais são militares. Na CNN tuga.




Sempre pensei que fosse "ordenar que" e não "ordenar a". Na CNN tuga. 






Eis uma das frases que deviam ser lidas e relidadas antes de serem publicadas. Não ficaria melhor "Reserva de água nas barragens a 80% depois da depressão..."? No "Jornal Económico".



Erros de tradução ou falta de conhecimentos?


Há palavras e expressões que significam uma coisa numa língua e outra coisa noutra língua. Há muita gente que o sabe. Os tradutores profissionais sabem-no. Os jornalistas... pois. 




Em português diz-se "exemplares", no que toca a livros. Em inglês usa-se "copies" (o singular é "copy"). "Cópias" em português é isso mesmo: cópias, como fotocópias, por exemplo. A ideia é essa, nesta entrevista publicada no "Expresso"?





Imagina-se: Trump a correr atrás de Maduro, ou atrás de Maduro numa fila em movimento. É, apenas, o inglês "to go after" ("atacar", por exemplo).
E fica tão bem o "ele (tu) vais"! Na CNN tuga, claro.




A gramática é uma chatice

A gramática não serve para nada, aprendê-la é uma maçada muito e se os professores ainda castigavam os "burros" com más notas... nem, na imprensa, tudo se pode fazer. Evitando a chatice que a gramática é, bem entendido. 


"Recusas (...) aumenta". No Observador.





José Sócrates pediu "concelhos". Quais teriam sido? Lisboa? Porto? Leiria?... Na CNN tuga.





Juntaram-se "ódio" e "intolerância" e "redes sociais". Mas a CNN tuga escreveu "juntou-se", alheada da regra do plural. Ou terá sido mesmo o que esta "pop star" disse?






"Os únicos culpados são". CNN tuga, outra vez.






Quem valoriza, valoriza alguma coisa. Ou então valoriza-se. 
A CNN tuga não gosta dos verbos reflexivos.




Imagino o preço dos combustíveis, escondido não sei onde, a querer mexer... onde? Em quem? A CNN tuga não revela.



(Imagens de fonte aberta de acesso público.)



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