Houve uma época em que se exigia à imprensa e a quem trabalhava nas redacções não apenas algum rigor naquilo que se escrevia, mas também algum conhecimento da matéria. E nessa época, o que também ajudou a dignificar o estatuto informal dos jornalistas especializados, era difícil obter informações e, em muitas coisas, não havia arquivo, centro de documentação e arquivistas de qualidade que substituíssem as vantagens que hoje o Google, pelo menos, oferece a todos.
O que se passa na Ucrânia, em termos de condução da guerra em todas as suas frentes de batalha (ou seja, em toda a Ucrânia oriental), é uma simples aplicação do conceito de guerra de atrição. O que interessa ao exército que detém a iniciativa (o exército da Federação Russa) é, em primeiro lugar, o desgaste do adversário (o exército da Ucrânia). Em segundo lugar vem a conquista gradual do território. E que esse desgaste tem dado resultado é o que ressalta da destruição do equipamento militar que o Ocidente colectivo tem atirado para as mãos do governo de Kiev, sem qualquer prestação de contas.
É fácil, claro, aplicar uma simples regra de três para chegar a esta conclusão tendo apenas como base quilómetros e baixas:
A notícia, ou especulação, que cita um "estudo" da revista "Forbes" é da CNN tuga. Também podiam ter feito um "estudo" sobre a quantidade de armas e veículos e sistemas de defesa e de ataque (em toneladas, vez) e de milhões de euros entregues à Ucrânia, aplicando uma regra de três, mas isso já seria embaraçoso para quem é tão fiel à agenda ucraniana.
A situação é tanto mais curiosa porque se baseia no que é apenas uma reportagem feita com base em opiniões de "analistas" ocidentais e em parte (a parte mais favorável à Ucrânia) do que disse o comandante das Forças Armadas dos EUA na Europa aos parlamentares do seu país. E por alguém que talvez devesse ser levado menos a sério.
É que David Axe, o autor, nem parece ser jornalista. De qualquer modo, pela "Forbes" sabemos que "escreve sobre barcos, aviões, carros de combate, drones e mísseis" e que até é realizador. Aparentemente, sem grande êxito, pelo que se percebe pelo IMDB, que regista as suas longas e curta-metragens fantásticas domésticas. Foi depois de ter passado pelo jornal inglês "The Telegraph" (onde parece ter sido posto na rua) que foi parar à "Forbes" em 2020. É possível que tenha aplicado a sua tendência para a ficção àquilo que tem escrito para a "Forbes". Com mais êxito do que no cinema, calcula-se.
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| O cv cinematográfico do ficcionista David Axe, segundo o IMDB |
(Imagens de fonte aberta de acesso público.)
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