domingo, 18 de maio de 2025

Em Ponte da Barca, entre os rios


Em Ponte da Barca e em Arcos de Valdevez, a paisagem dos rios impressiona. Não pela força das águas, embora sejam bastante movimentadas, mas pelo modo como envolvem e condicionam a paisagem urbana, que se adaptou bem aos cursos de água.

O mais importante é, naturalmente, o rio Lima, que vem de Espanha, e que passa por Arcos de Valdevez, antes de atravessar Ponte da Barca e de chegar a Ponte de Lima. E o outro é o pequeno mas impetuoso rio Vade, em Ponte da Barca, que vai ter ao rio Lima.

É quase em cima do rio Vade que se situa o alojamento local designado por Moinho das Cavadas. A casa nasceu sobre um moinho de água, ampliado e reconstruído, com uma oferta suplementar de dois apartamentos. A movimentada água do Vade, com as suas cascatas, faz parte do Moinho das Cavadas, evolui por baixo dela, deixa-se ver da enorme parede de vidro que é a janela da sala, passa em redor, faz-se ouvir com fragor até ao momento em que o seu cantar acaba por se integrar na paisagem, assemelhando-se, à noite, quando não vemos a água, a uma chuvada persistente. É um espectáculo de uma imponência amável. 

Foi aqui que ficámos, duas pessoas e dois cães, durante seis dias que souberam a pouco. 

Foi a melhor base para ir descobrir Ponte da Barca, vila compacta e acolhedora, e Arcos de Valdevez. A frente de rio destas duas vilas da região dos vinhos verdes é extraordinária. Está integrada na paisagem urbana (com obras profundas na mais extensa Arcos de Valdevez) e constitui um espaço que deve ser fácil de usufruir por quem vive nestas vilas do interior. Entre o emprego e o regresso a casa, num intervalo, há espaços à beira-rio para todos os gostos. Mas quase não há bancos onde as pessoas se possam sentar. Nunca percebi o ódio dos burocratas camarários, eternamente sentados, à existência de bancos em sítios públicos.

O Vade conflui com o Lima junto ao Campo do Côrro, onde está o restaurante O Moinho. É um dos mais famosos da vila, com vista, num canto, para o primeiro rio. Come-se bem e tem vinho verde tinto a jarro, servido com malga. No mais turístico Alto da Prova, o vinho é à garrafa mas também existe a opção da malga. O turismo explicará a proliferação de restaurantes numa vila que pode ser considerada pequena. 

Além destes dois, visitaram-se a Churrasqueira Barquense, o Kibom e a Adega do Lavrador, num leque de escolhas que foi do bacalhau (e que soberba era a posta de bacalhau na telha que me aparceu no Alto da Prova!) ao modesto, mas saboroso, entrecosto grelhado (na sombria Adega do Lavrador). 

Sempre com vinho verde tinto, quase sempre com o omnipresente "Fedelho", marca recente da Adega Cooperativa de Ponte de Barca. Sofrendo com a concorrência da sua congénere de Ponte de Lima, a Adega Cooperativa de Ponte de Barca está a tentar ganhar visibilidade. O que dela bebi sugere que talvez consiga fazê-lo.



O rio Lima em Ponte da Barca



O rio Vade no Moinho das Cavadas: entre a água...


... e o fogo de um recuperador de calor muito bem posicionado



Uma das aprazíveis zonas verdes do Moinho das Cavadas



O "Fedelho" e a malga



O acolhimento dos hóspedes, impecavelmente feito pelos "anfitriões" Diana e Valdemar (através do Airbnb), inclui um delicioso pão-de-ló



O imponente conjunto de rochas conhecido por Castelo da Nóbrega,
numa colina quase inexpugnável de onde se vê quase toda a região






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