Dois pelo preço de um |
Dois pelo preço de um |
Não há paciência para a estúpida brincadeira da mudança da hora, assunto sobre o qual já escrevi aqui, aqui e aqui.
E vai-se percebendo, de ano para ano, e até perante as crescentes opiniões desfavoráveis, que isto não passa, agora, de um simples exercício de autoridade do lamentável primeiro-ministro que aguentamos há sete anos.
"Observador", 27.10.22 |
Às cinco e meia de hoje acordei com uma forte trovoada que foi acompanhada por chuva de intensidade variável. É uma maçada, sobretudo quando se tem cães que estão habituados a ir lá fora (no terreno vedado em redor da casa ou, de trela, no exterior), mas não é a primeira vez que acontece.
Desde que me lembro que no Outono chove, com temperaturas que não são especialmente baixas. É o que acontece nesta altura. Não vejo aqui "alterações climáticas", mas sim oscilações do tempo, num padrão que se vai repetindo ao ritmo, sem margens fixas porque a natureza é o que é, das estações do ano: Outono, Inverno, Primavera e Verão. Vejo alterações do tempo, até aceito que se possa falar de alterações do clima relativamente a padrões que pudemos ter tido como seguros, como fixos.
Não nego a teoria geral das "alterações climáticas", aceito-a como é, como teoria. Porque, na prática, não as vejo.
O que vejo é um alarmismo onde convergem, num poço de medos quase irracionais, e medievais, uma comunicação social catastrofista e deficitária em tudo (e que pensa que o medo é que faz com que as pessoas comprem jornais...) e os mais diversos bonzos, humanos e institucionais, onde a ciência se mistura com o favoritismo pela pedagogia do medo e com o desejo de palco mediático.
Nada disto é racional. Mas, como o demonstrou o alarmismo da ex-pandemia do SARS-CoV-2, a racionalidade quase desapareceu das várias instâncias do discurso público e os que persistem em ser racionais só não parar à fogueira porque esse tipo de punição já não existe. Pelo menos, por enquanto.
Com as balofas pompa e circunstância anuncia-se a revisão do Plano Director Municipal, treze anos depois de... qualquer coisa.
Mas oculta-se aqui, mais uma vez, o mistério do desaparecimento de uma revisão extraordinária do Plano Director Municipal que, 2011, deu origem ao Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, onde nasceria um faraónico complexo turístico com um investimento de 300 milhões de euros.
É assunto de que ninguém fala, a começar pelos políticos e a acabar nos jornalistas locais.
E porquê? Há quem tem medo de falar nele? Desconhecem o que se passou? Um projecto turístico tão importante que falhou clamorosamente não suscita interrogações? Ou é um problema de má consciência? Por terem tido os bolsos bem recheados pela aprovação do Plano de Pormenor?
O silêncio a respeito do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica é mais do que suspeito.
E suja todos...
Não há, por aqui, um rio digno desse nome.
Não se concebe como é que o Oceano Atlântico, que é a fronteira ocidental do concelho de Caldas da Rainha, pode galgar as falésias, os campos que o separam da Estrada Atlântica e das casas mais próximas, ou, ainda, como é que a Lagoa de Óbidos, com cada vez menos água, pode galgar as margens.
Não há, por aqui, ameaça de inundações ou cheias. Salvo, claro, e já tem acontecido na capital do concelho, as que resultam (como em todo o País...) das sarjetas que a Câmara Municipal não limpa.
Mas faz falta um plano que "proteja das cheias" e das alterações climáticas, as tais que fazem chover no Outono e aquecem o Verão...
Sempre situacionista, o "Jornal das Caldas" é a pitonisa do milagreiro-mor, o tal que ia "mudar". Estão bem uns para os outros.
O presidente da Câmara em pleno anúncio do milagre no "Jornal das Caldas" |
Uma cronologia sugestiva:
Tribunal de Contas da UE: dúvidas |
Ministério Público da UE: suspeitas |
Kathleen Van Brempt: muitas dúvidas |
Infarmed: certezas |
"Observador": branqueamento, sem notícias... adversas |
->16 de Outubro: a imprensa do regime começa a branquear a situação portuguesa, com o "Observador" (por exemplo) a garantir que "as reacções adversas à vacina da covid-19 são pouco frequentes".
Notícia desenvolvida do jornal independente "Página Um", de onde retirei parte destas informações. |
Olha-se para isto, para esta espécie de dança de
salão, e já nem há capacidade para se ficar surpreendido.
Destas duas páginas do "Jornal das
Caldas" (edição de 12.10.2022), sobre uma reunião de dezenas de criaturas
que devem conhecer tanto "o Oeste" como eu conheço a superfície de
Marte, por mais que se esprema, nada sai.
Não há nisto uma ideia (nova ou velha), mas apenas
palavrório vagamente técnico e estilizado. Nada mais além disto, numa afirmação
de inutilidade que, pudessem ser os eventuais turistas confrontados com a
reunião e com os seus participantes, nunca cá haveriam de querer vir.
Não se percebe o que pensam, se é que pensam,
estas criaturas, burocratas, bonzos municipais, dirigentes disto ou daquilo,
técnicos de qualquer coisa, perdidas em efabulações teóricas de significado
nulo. Teriam sido mais úteis para o turismo, e para o progresso da Região
Oeste, se fossem arrancar os plásticos podres das árvores, por essa região
fora, ou apanharem o lixo que se acumula pelas estradas.
E depois os lamentos, feitos de impotência, já só
dão vontade de rir: no que se refere a Torres Vedras, centro destacado de
produção de vinho da Região Oeste, ouve-se o lamento de que os turistas não
ligam nenhuma ao concelho. Nunca pensaram, por lá, em atrair visitantes para
roteiros bem organizados de comes e bebes? Calculo que dê muito trabalho.
Ou, quanto a Caldas da Rainha, a queixa da falta
de uma "identidade"... A cerâmica, a tradição satírica, a
gastronomia, a costa atlântica, a cultura, a Escola Superior de Artes e
Design... não chegam?! Não faltam ao concelho elementos que podem ser
fundamentais para a criação de uma imagem de marca e há anos que se fala na sua
necessidade. Também aqui, a desastrosa gestão municipal do "Vamos
Mudar" mudou... a ponta de um corno.
E foi pena que ninguém tivesse falado do grande
Eldorado turístico que, há onze anos, foi prometido ao concelho de Caldas da
Rainha pelos políticos e por investidores sem rosto, mas parece que com muito
dinheiro. Talvez não saibam, talvez não se lembrem, talvez não achem
conveniente, talvez lhes seja mais proveitoso não falarem no assunto...
Mas é sempre bom recordar estas coisas:
Em Março de 2011 era isto que a "Gazeta das Caldas" anunciava. Depois foi o silêncio |
O
maravilhoso empreendimento turístico das freguesias da Foz do Arelho e da Serra
do Bouro ia ser um pólo de desenvolvimento para a região, obrigando mesmo
à alteração do Plano Director Municipal para permitir a construção numa
zona vagamente protegida.
Os
políticos locais aprovaram tudo em 2011. Mas depois ficaram caladinhos quando o
Plano de Pormenor da Estrada Atlântica se esfumou num silêncio comprometedor. E
a diligente imprensa local também fez de conta que nunca se tinha falado no
assunto. Nunca se soube porquê.
Os
pormenores "oficiais" (a notícia da "Gazeta das Caldas")
estão em http://www.gazetacaldas.com/9701/plano-de-pormenor-da-estrada-atlantica-preve-criacao-de-hotel-de-cinco-estrelas-e-mais-de-tres-mil-camas-turisticas/
Os
pormenores não oficiais, e aquilo que de intrigante se podia saber, estão
aqui: https://o-das-caldas.blogspot.com/search?q=Os+investidores+sem+rosto+do+Plano+de+Pormenor+da+Estrada+Atl%C3%A2ntica
Informem-se...
"Expresso", 11.10.2022 |
O caso dos abusos sexuais e da pedofilia na Casa Pia nunca ficou esclarecido e a condenação de meia-dúzia de acusados nunca serviu para se perceber se o foram, todos ou alguns, por terem feito aquilo de que foram acusados ou se estavam no sítio errado à hora errada.
O caso dos abusos sexuais e da pedofilia no seio da Igreja Católica e das suas entidades é tão grave como o do "processo Casa Pia" e só o facto de poder estar mais contido, e dentro de portas, é que talvez impeça o alastrar de suspeitas, rumores, informações consentidas e silenciadas e todo o tipo de manobras que rodearam os mistérios da Casa Pia e das redes de prostituição masculina em Portugal.
Mas é evidente que esta situação tem tudo para poder ser uma espécie de "processo Casa Pia II" (e não me refiro ao segundo processo que, à época, ainda iria escalpelizar o que se passava no Parque Eduardo VII e as pessoas que o frequentavam... e que não chegou a avançar) e nota-se, nesta infeliz declaração do Presidente da República, o incómodo que sente.
Marcelo Rebelo de Sousa, primeira figura do Estado, especialista em leis, católico praticante e homem sem mulher, tem todos os motivos para recear o monstro que pode nascer da pedofilia clerical, por muito que a restante "nomenklatura" política e partidária e a imprensa obediente tenham medo de abrir as portas do armário...
Sou sócio do Automóvel Club de Portugal há 36 anos e pouco tenho utilizado os seus serviços, muito em especial desde que me mudei para uma região (Caldas da Rainha) onde o ACP não tem uma delegação. Talvez tenha recorrido mais ao serviço de apoio aos sócios na área da saúde, nos últimos dois anos, para obter receitas médicas quando os médicos que as poderiam passar não estão disponíveis.
Por estrear tem estado o serviço que o ACP disponibiliza para as avarias dos carros dos seus sócios... até ontem de manhã, quando um dos meus carros se mostrou insensível ao tradicional movimento da chave na ignição.
Pouco passava das oito horas quando telefonei para o ACP e, devo dizê-lo, fi-lo com pouca fé. A morar no campo, em sítio às vezes difícil de encontrar, poderia talvez, na melhor das hipóteses, esperar que me mandassem um reboque, que havia de aparecer ao longo do dia, que o levaria para uma oficina, para ver o que se passava.
Mas não foi o que aconteceu.
De Santarém, que será a delegação mais próxima, veio uma das viaturas de assistência do ACP (com o toque simpático de o sócio poder seguir a aproximação do veículo).
E, cerca de hora e meia depois, estava tudo resolvido: praticamente morta a bateria com que o carro saiu da fábrica, e depois de a situação ter sido avaliada e com elevado profissionalismo, pude comprar logo uma bateria nova e ficar com o problema resolvido.
É possível que em horas, ou dias, de maior afluência ou em situações de avarias mais graves as coisas nem sempre funcionem tão bem, ou tão rapidamente. Mas se é este o padrão do serviço de assistência do ACP... é excelente!
Não sei de quem é a autoria desta caricatura, que é perfeita: é como estamos, envolvidos na crise ucraniana pela liderança proto-fascista da União Europeia e pela sua vassalagem interesseira a uma elite militar e industrial que, nos EUA, beneficia da cumplicidade e do estímulo de um presidente "democrata" senil, que é pior do que qualquer presidente "republicano".
É provável que nos afundemos todos.
Parece que está a decorrer, aqui ao lado, um "festival" literário, ou de vaidades, dos vários que se realizam em Portugal, onde toda a gente é "escritor" e poucos livros de ficção portuguesa se lêem.
Com onze livros publicados, e nenhum em edição de autor, nunca fui convidado a ir a um desses certames que, suspeito, funcionam com base em pactos de compadrio, amizades e "amizades".
Em contrapartida, e apenas por ter dois desses romances publicados em França ("Ulianov e o Diabo"/"Mort sur le Tage" e "O Clube de Macau"/"Le Club de Macao", Chandeigne/Le Livre de Poche), já fui a um festival (Toulouse Polars du Sud) nesse país, fui convidado para ir a dois outros (onde não pude ir, devido às regras do fascismo sanitário e a uma incompatibilidade pessoal) e irei agora, também convidado, ao festival Littératures Européennes de Cognac, igualmente em França.
Apesar da chatice das viagens, ficamos (eu e a minha obra) melhor servidos.
*
Actualização, em 17.11.22:
Infelizmente, não fui. Uma doença passageira, mas a requerer acompanhamento, da minha familiar mais próxima, tornou impossível a minha deslocação. A organização do festival (na pessoa de Sophie Léonard, que não conhecerei pessoalmente) foi, em todo o processo de preparação, de uma enorme amabilidade, paciência e cortesia, não se poupando a esforços para garantir uma viagem confortável e uma estadia agradável, e tenho pena de não ter podido corresponder. O dever familiar teve precedência.