terça-feira, 28 de junho de 2022

Ler os jornais não é saber mais (146): ele há "guerras" e guerras

 



Segundo o presidente do governo de Kiev, havia mil pessoas no centro comercial de Kremenchuk ("printscreen" do "Expresso"), na Ucrânia, alvo de ataques "com mísseis".

Hoje, doze horas depois da primeira informação sobre os 13 mortos, haverá 18 mortos e 59 feridos.

A Rússia diz que o centro comercial estava inactivo e o governo de Kiev que havia lá mil pessoas.

A imprensa ocidental do "mainstream" desdobra-se em títulos de horror sem testemunhos directos e os seus dirigentes governamentais lutam todos por não serem os últimos a condenarem um "acto terrorista" com a veemência que não encontram para condenarem os "actos terrroristas" dos extremistas islâmicos.

Ele há guerras e "guerras".



domingo, 26 de junho de 2022

Notas de prova

 

Curva  Tinto 20o9 — Reserva — DOC Douro
Touriga Nacional e Touriga Franca
Cálem, Sogevinus Fine Wines, Vila Nova de Gaia
14,5% vol.
Muito bom.



Contemporal  Tinto 2019 — DOC Dão
Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Rufete
Adega Cooperativa de Silgueiros, Silgueiros/Continente
13% vol.
Bom!


Espírito Santo  Tinto 2018 — Vinho Regional Lisboa
Castelão e Tinta Roriz (e outras?)
Casa Santos Lima, Aldeia Galega da Merceana
15% vol.
Bom!

Flor de Penalva  Branco 2020 — DOC Dão
Malvasia Fina, Cerceal Branco e Borrado das Moscas
Adega Cooperativa de Penalva do Castelo
12,5% vol.
Bom!

                                                                                                                                                                                                    Flor d' Penalva  Tinto 2018 — Reserva  DOC Dão
     Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen
Adega Cooperativa de Penalva do Castelo
13% vol.
Bom.







sábado, 25 de junho de 2022

Saúde?...


Não sei quem tirou esta fotografia, nem onde ela foi tirada, se em território nacional ou noutro país, mas ela é paradigmática: é um retrato perfeito do estado de um país e de um povo depois da palhaçada dos confinamentos e de um combate tão estúpido como ineficaz (e ruinoso) a uma pandemia que já passou e que não teve, nem nunca teve, a gravidade que lhe foi atribuída.

As três pessoas que figuram em primeiro plano são obesas e uma delas, a que se adianta, tem uma obesidade que deve ser preocupante e que já lhe atinge as pernas, obviamente inchadas. Têm, decerto, excesso de peso e, se bem que possam ter o hábito (como praticamente toda a gente) de caminhar à beira-mar, não são pequenos passeios de praia que lhes diminuirão o excesso de massa gorda que têm nos seus corpos. A do meio, o homem, deve ter "ganho barriga" nos últimos anos.

Não me parece que qualquer delas tenha estrutura corporal, muscular pelo menos, para suportar o que será um óbvio excesso de peso. E essa dificuldade exige outra coisa: maior necessidade de respirar, de encher os pulmões de ar, de dominar o ritmo da respiração.

Só que não o podem fazer. Estão de máscara, as três criaturas, e não respiram como o organismo lhes pede, ou exige, que respirem. 

E isto num ambiente de ar livre, à partida menos contaminado por qualquer tipo de poluição, no cenário ideal e globalmente mais vasto para todas as actividades em contacto com a natureza. 

A lógica imbecil que levou à imposição das fraldas usadas nas ventas tem esta (discutível) base: a transmissão do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19 far-se-á pelo contacto com superfícies onde o vírus ainda se possa manter activo e com a respiração das outras pessoas. 

Mas repare-se: estas duas situações existem neste grupo de pessoas? Não, claro. O que as leva a irem de respiração tapada? O medo? A estupidez? A crendice? É impossível saber. O que só torna as coisas piores.

Lembremo-nos de como, nos confinamentos, chegaram a ser proibidas as actividades ao ar livre, os jogos na praia e os ginásios. E de como houve pessoas importunadas e multadas pelas autoridades policiais por estarem ao ar livre. Escrevi aqui, em O ódio badocha aos ginásios, sobre a estupidez grotesca que foi o fecho de estruturas que, em geral, dispunham de todas as condições para melhorar, objectivamente, a saúde das pessoas que as frequentavam... num contraste chocante com a própria obesidade dos membros do Governo. Que foi, e é, responsável pelo bloqueio de toda a assistência clínica do SNS extra-covid.



Em Portugal e em Espanha as autoridades policiais
escorraçaram pessoas das praias durante os confinamentos.


A promoção de estilos de vida realmente saudáveis e da melhoria do sistema imunitário foi completamente posta de parte pelo Governo do "fica em casa". 

As opções dos que querem, e quiseram, mandar em nós oscilaram entre o proibicionismo das actividades saudáveis e ao ar livre (quase proibindo as pessoas de respirarem com a estupidez das fraldas faciais) e uma visão arrogante do género "nós é que sabemos e vocês são atrasados mentais".

Veja-se o recente discurso da criatura, obviamente a sofrer de problemas cognitivos talvez causados pela idade, que dirige a DGS, sobre o mês em que não se deve adoecer e sobre os malefícios do bacalhau à Brás. A advertência sobre as salmonelas não deve ser missão de uma directora-geral. E é de lamentar que o Presidente da República venha defender o seu discurso de infantilização. 








A obesidade incomoda a directora-geral da Saúde?


Esta gente pensa que somos todos estúpidos. 

Infelizmente, a parvoíce repugnante das fraldas faciais mostrou que a a maioria (como os bípedes da fotografia citada) é, de facto, estúpida.





quarta-feira, 22 de junho de 2022

Estado de Direito todo torto

 


Suponho que ninguém minimamente racional é adepto de urinar ou de defecar na praia, dentro ou fora de água.

Mas ninguém que seja minimamente racional conseguirá perceber a lógica destas parvoíces, a começar, por exemplo, pela fiscalização de quem possa estar a mijar dentro de água, em semicúpio ou imerso até ao pescoço.

Como é que vão aplicar a lei?

Com mergulhadores a enfiarem um dedo ou algum dispositivo dentro do calção de cada banhista, para ver se há diferenças de temperatura no meio aquático, bem na ponta do pirilau ou à saída da rachinha?

Os juristas e os legisladores, como cá também acontece com frequência, espraiam-se em minudências impraticáveis, safando-se do opróbrio curricular apenas pelo anonimato de medidas aprovadas pelo Estado. 



segunda-feira, 20 de junho de 2022

Não há fronteiras para o populismo e para a demagogia do Presidente da República

Não há, como se vê, fronteiras para o populismo e para a demagogia do Presidente da República que, quando menos se espera, consegue descer ainda mais baixo.


A fotografia, "artisticamente" retocada a preto e branco, que tem andado a circular nas redes sociais


O gesto de ir beijar o ventre de uma mulher grávida, em eventual alusão à incompetência governamental na gestão do Serviço Nacional de Saúde, é repugnante. Marcelo Rebelo de Sousa não é, que se saiba, o pai biológico da criança por nascer, nem será candidato a pai adoptivo. Também não é, que se saiba, familiar da mulher cujo ventre foi beijar. 

A criança que está no ventre materno tem, em primeiro lugar, uma relação íntima com a mãe e, normalmente, com o pai biológico. Não pode estar sujeita, mesmo que por cima da roupa da mãe, a manifestações de intimidade de terceiras pessoas. Mesmo que alguma delas seja Presidente da República. O gesto é tão desprovido de sentido como se o seu autor quisesse ir fazer uma festa directa na cabeça da criança que ainda estava, nessa altura, no ventre da mãe.

E não é o facto de a mãe ter gostado que desculpa o gesto. A mãe até podia ter querido ter outros contactos íntimos com o Presidente da República. E este devia ter o bom senso de nem sequer querer começar.


Agora o Presidente da República "abençoa" nascituros... mas talvez só os das maternidades privadas

Mas o bom senso, por mais básico que seja, está ausente de todo este disparate. 

O "Correio da Manhã" como que canoniza o Presidente da República, escrevendo que ele "abençoou" a criança que ia nascer. E, com a crise do fecho dos serviços de maternidade por pano de fundo, revela que a jovem "veio de Angola propositadamente para ter filha em hospital privado"! 

Que ridículo é tudo isto...




sexta-feira, 17 de junho de 2022

Mascarado, desmascarado

Em 25 de Abril deste ano, o lamentável primeiro-ministro que o eleitorado nacional quis ter fazia em Lisboa uma inquebrantável profissão de fé nas repugnantes fraldas faciais.

Menos de dois meses depois, numa "photo op" em Londres com o seu colega do Reino Unido, mostrou o que realmente pensa sobre o assunto. 

E ainda há quem acredite que a imposição - sob coacção judicial, a certa altura, política e psicológica - das fraldas faciais obedece, ou alguma vez obedeceu, a qualquer lógica racional.











quinta-feira, 16 de junho de 2022

Porque é que estão a morrer mais pessoas?

 







O jornal on line "Página Um", um projecto jornalístico independente dirigido pelo jornalista Pedro Almeida Vieira, é o único meio de comunicação que suscita um problema de saúde público que é especialmente grave neste momento: um óbvio excesso de mortalidade que não parece explicável.

E começou por fazê-lo deste modo: «(...) Pela primeira vez desde que existem registos diários, não houve ainda qualquer dia de Junho deste ano abaixo dos 300 óbitos. Aliás, em anos anteriores, raros foram os dias acima dessa fasquia. Por exemplo, todos os dias da primeira década de Junho dos anos de 2010, 2011, 2012, 2014, 2015, 2017 e até de 2021 nunca ultrapassaram os 300 óbitos.

A mortalidade nesse período, entre os anos de 2009 e 2021, situou-se entre os 2.387 óbitos (em 2011) e os 2.840 (2016). Até este ano, o valor máximo diário tinha sido registado em 5 de Junho de 2018, com 314 mortes. Na passada quarta-feira, dia 8, contabilizaram-se 362 mortes.

Este excesso de mortalidade está, porém, exclusivamente concentrado na população mais idosa, a partir dos 65 anos, e sobretudo nos maiores de 85 anos, que têm sido continuamente flagelados desde o início da pandemia.

Segundo a análise do PÁGINA UM, a mortalidade nos maiores de 85 anos registou, nos primeiros 10 dias de Junho, um aumento de 42% face à média do último quinquénio – ou seja, morreram 1.540 pessoas, quando a média se situava nos 1.085. Esta situação mostra-se ainda mais assombrosa tendo em conta a “sangria” já decorrente de dois anos de pandemia, em que este grupo etário foi o mais flagelado. (...)»

Dois dias depois, o "Página Um" deu mais uma informação, sugerindo uma explicação que parece racional.

«(...) O número de óbitos em Maio e Junho assemelham-se aos de dias de Inverno, e não existe uma explicação para tamanha mortandade, uma vez que na Primavera as doenças fatais do sistema respiratório e circulatório causam menos vítimas. Do que estão a morrer os portugueses, um dos povo mais vacinados do Mundo contra a covid-19?

Em 2022, o excesso de mortalidade em Portugal é já estrutural, e todos os indicadores mostram que se prolongará. A culpa não é directamente da covid-19, mas aparentam, cada vez mais, ser de factores decorrentes da gestão da pandemia que terá exacerbado outras doenças não relacionadas com a sazonalidade. (...)» (https://paginaum.pt/2022/06/14/ate-13-de-junho-em-media-ha-61-dias-com-menos-de-300-obitos-este-ano-so-tivemos-um-dia/)

Ou seja, há um problema que deve ser estudado e não varrido para debaixo da carpete, como estão a fazer a imprensa, em geral, a Direcção-Geral da Saúde, o Ministério da Saúde, o Governo e, comentador de tudo e de nada, o Presidente da República.

É possível que o excesso de mortalidade possa ser atribuído ao encerramento dos cuidados de saúde para tudo o que não era covid, às consultas, exames, rastreios e operações que ficaram por fazer. Mas também é possível que, por exemplo, se deva ao modo como foram isolados milhares de idosos, quase sem contacto com outras pessoas e com o exterior, ao modo como a repugnante máscara lhes deu cabo das resistências... e, ainda, às vacinas. Porque esta camada etária, acima dos 80 anos, até já levou a 3.ª dose. E é a que está a morrer mais.

A gestão das consequências de uma pandemia que nem sequer teve a gravidade que lhe assacaram e do próprio Serviço Nacional de Saúde, como agora se tem visto, foi catastrófica. O excesso de mortalidade demonstra-o e convida a que se designe já por assassina aquilo a que até agora se podia realmente chamar catastrófica.



*

(Actualização)

O "Público" só descobriu hoje, sexta-feira, dia 17, que este problema existia. Mais vale tarde do que nunca.









terça-feira, 14 de junho de 2022

"Caso" da Junta de Freguesia da Foz do Arelho com acusação de peculato e julgamento


O Ministério Público precisou de cinco anos para acusar. Terá sido difícil?


O presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, Fernando Sousa, os antigos tesoureiros Luís Vila Verde, Jorge Rafael Constantino e José António Ferreira, e a ex-secretária Maria dos Anjos Sequeira, antiga funcionária desta junta de freguesia, foram acusados pelo Ministério Público pelo crime de peculato.

No habitual estilo da acusação pública, "com as suas condutas, os arguidos apropriaram-se de quantias pertencentes à Junta de Freguesia de Foz do Arelho em proveito próprio ou em proveito de terceiros”, 77.614,56 euros (Fernando Sousa), 6.748,17 euros (Luís Vila Verde), 6.768,65 euros (Jorge Rafael Constantino), 43.594,23 (Maria dos Anjos Sequeira) e 60.388,48 euros (José António Ferreira)".

O julgamento deverá começar em Leiria em 15 de Setembro e os principais pormenores estão descritos aqui.

A acusação saiu cinco anos depois de uma auditoria que concluiu pela saída irregular de cerca de 200 mil euros das contas da junta de freguesia. 

Referi-me ao assunto aqui, em 9 de Junho de 2017, com seis notas de que se justifica repetir agora quatro: 

1 - A gestão da Junta de Freguesia sai, obviamente, mal e, perante o que é apurado, é normal o envio de todos os elementos para o Ministério Público. Será natural que haja inquérito, arguidos, processo judicial e julgamento.
2 - As declarações do presidente da Junta da Freguesia, arguindo "desconhecimento" dos procedimentos formais, são infelizes e precipitadas. Não ajudam, em nada, a sua defesa. Apesar de tudo, tem o direito de se defender. Mas terá de se defender melhor.
(...)
5 - Houve muita coisa de positivo que foi feito na freguesia da Foz do Arelho ao longo dos últimos quatro anos. É pena que este caso ensombre tudo o que foi feito.
6 - É necessário não ter medo, e desde já, de fazer também uma auditoria à Associação para a Promoção e Desenvolvimento Turístico da Foz do Arelho, se é verdade que há ligações (ou suspeitas delas) com a gestão da Junta de Freguesia. De qualquer modo, a ser aberto inquérito pelo Ministério Público, será natural que também a queiram ver de perto. Podem é chegar tarde demais.

Respeitando o princípio, mal compreendido, de que ninguém pode ser considerado culpado de uma acusação judicial sem que transite em julgado a eventual sentença condenatória, fica aqui este registo.




segunda-feira, 13 de junho de 2022

Ler jornais já não é saber mais (145): "puns"

 




















MEO/Altice: não estou esquecido

Há três meses, depois de uma avaria inaceitável e incompreensível, perguntei à MEO/Altice se podia anular o contrato sem ser penalizado antes do fim do período de fidelização (que termina em Novembro).

A MEO/Altice, demonstrando uma má-criação digna de uma criança mal-educada, nem respondeu. Quem viu a carta não a soube ler, ou achou que devia castigar o cliente por querer uma coisa tão inesperada. Ou achou que este cliente desistiria da sua pretensão e, como quem acredita em elefantes cor-de-rosa, prolongaria a sua ligação contratual à empresa para lá de Novembro.

Não será o caso. Não me esqueço do que aconteceu e destes gestos de má-criação. Três meses depois da avaria que me fez perder a confiança na MEO/Altice e a seis meses do fim da fidelização, só posso continuar a dizer que em Novembro o contrato não será renovado e que mandarei à merda a MEO/Altice. Não merecem menos.

(E se alguém da NOS anda por aí... arranjem-me propostas, porque deve ser essa a operadora que vou escolher.)




sábado, 11 de junho de 2022

O fecho da pastelaria Machado e a morte da Rua de Camões


Foi no Natal de 2014 que a Rua de Camões, em Caldas da Rainha, começou a morrer. Com o fecho da emblemática pastelaria Machado, há poucas semanas, a rua morreu de vez.

A Rua de Camões podia ter tido outro destino, e continuar a ser o que já foi: uma rua de comércio e de restaurantes e cafés, que tem a particularidade de unir o centro "histórico" da cidade ao que também deviam ser outros elementos emblemáticos da sua vida urbana, como o parque da cidade com a sua entrada para as ruínas fantasmagóricas que o assombram, e o hospital termal. 

Numa cidade onde há transportes públicos urbanos, mas onde uma parte significativa da população que a frequenta mora fora, não podendo passar sem meios próprios de transporte, a Rua de Camões tinha, ainda, um problema adicional: pouco estacionamento e acesso difícil. Este factor, que depois ainda se agravou, foi decisivo para a morte do comércio. 

Mas a condenação à morte, evitável, foram as obras de há oito anos.

Aconteceu tudo no âmbito de umas desastradas obras de "regeneração urbana", mal planeadas, pior concretizadas e desenvolvidas de forma suspeita, a que presidiu o anterior presidente da Câmara Municipal, Tinta Ferreira, e cujo feito maior é... um parque de estacionamento subterrâneo que mete água.

Com Caldas da Rainha totalmente virada do avesso, a Rua de Camões oferecia este triste aspecto em Novembro de 2014: máquinas paradas, poucos homens no local e não a trabalharem e o trânsito interrompido.


Rua de Camões, em Novembro de 2014: nada resiste a obras deste tipo

Nessa época, recorde-se, viviam-se os anos da austeridade que se seguiu ao pedido de empréstimo a entidades estrangeiras para ultrapassar a situação de bancarrota deixada, em 2011, pelo governo do PS (chefiado por José Sócrates e onde já pontificava o actual primeiro-ministro, António Costa). Havia menos dinheiro para compras e as pequenas lojas, a que se chama "comércio tradicional", perderam clientes. 

Como habitualmente, e se verificou também nos períodos dos confinamentos imbecis de 2020 e de 2021, essas lojas não têm capacidade de sobreviverem sem clientes. Vivem do que têm para vender. Se não vendem, não têm receitas. Não têm receitas, fecham.

À crise económica juntaram-se as obras. A rua ficou, durante meses, esventrada e intransitável. 





A "regeneração urbana" do anterior presidente da Câmara Municipal esteve na origem do desastre


A situação até acabou por levar a que o presidente da Câmara Municipal reconhecesse, com alguma hipocrisia, que existia um atraso nas obras da Rua de Camões. 

O que, como sempre aconteceu, não fez com que o problema se resolvesse. Nem foi sequer uma excepção, porque as obras de "regeneração urbana" sofreram atrasos inexplicáveis sem que as empresas culpadas fossem responsabilizadas.


"Gazeta das Caldas", 21.01.2015: Tinta Ferreira até foi lá...

A Rua de Camões reabriu na Primavera de 2015. Com o mesmo erro de sempre saído das cabeças pouco inteligentes dos vereadores e presidentes camarários que se acham transformados em especialistas de trânsito urbano só por sentarem os traseiros nas cadeiras do poder: menos estacionamento e passeios demasiado largos,

Em termos práticos, o trânsito tornou-se mais difícil. Ou seja, o acesso aos estabelecimentos ainda existentes tornou-se quase impossível. 

A pastelaria Machado foi, obviamente, afectada e eu, sendo seu cliente na época do Natal, percebi como a afluência de pessoas ia diminuindo. Para a frequentar, como café, era necessário ir a pé ou ter a sorte de encontrar um lugar vago para o carro. Podia ter tentado diversificar-se, com serviço de refeições, mas isso teria sido suficiente para garantir público. Isolada numa rua sem comércio, esta grande casa acabou, inevitavelmente, por sucumbir.

Haveria alguma coisa capaz de a salvar? Penso que sim. E passaria pela compreensão (não é difícil...) de que o centro da cidade não pode ficar reservado a consumidores que só andem a pé. Os discursos sobre o pequeno comércio são muito lindos, mas falta o resto: perceber que as pessoas frequentam os supermercados porque aí têm quase tudo... e estacionamento. 

(O caso da Praça da Fruta é exemplar: pode servir para os residentes no local, para os ociosos e para os que não se importam de perder tempo à procura de lugar para estacionar, mas não para todos os outros. E eu, por exemplo, que até poderia ser cliente regular do comércio da Praça da Fruta, não vou lá porque não estou disposto a perder tempo a tentar estacionar.)




Depois de uma justificadíssima glória, com tradição, um fim desgraçado

Lamento o fecho da pastelaria Machado. Não sendo consumidor habitual de bolos e de outras gulodices, posso dizer que a pastelaria Machado me fez gostar de bolo-rei. Os seus requintados bolos-rei e a simpatia com que sempre fui atendido, como toda a gente, deixam saudades. Não sei se encontrarei igual.

A estupidez, a incúria e a incompetência camarárias (das anteriores vereações e desta que prometia que íamos "mudar"...) estão na origem deste lamentável acontecimento. E não vejo nada que previna ou evite outros encerramentos.


[Podem ler aqui o que escrevi neste blogue sobre as desastradas obras da Rua de Camões: https://pedrogarciarosado.blogspot.com/search?q=Rua+de+Cam%C3%B5es]






sexta-feira, 10 de junho de 2022

"Vamos mudar"... para o Bombarral!

 

Quiseram fazer de conta que eram crescidinhos e até perdem o hospital. Espantoso!










Não se morde a mão do dono

 

Disseram-me que a "Gazeta das Caldas" e o "Jornal das Caldas" receberam esta informação. Mas que não quiseram incomodar a Câmara Municipal. 

Compreende-se. É de onde vêm o dinheiro e os favores.

É por isso, claro, que nem sequer aludem ao facto de já terem passado 9 meses desde as eleições e de a Câmara Municipal estar paralisada.





quinta-feira, 9 de junho de 2022

Ler jornais já não é saber mais (144): a imprensa vendida e os jornalistas (?) comprados


Lembram-se da promessa, com mais de um ano, de que as apressadas vacinas para a covid-19 serviriam para eliminar o temido vírus SARS-CoV-2, numa dose ou duas, consoante os fabricantes? E de como eram tão milagrosas que iam dar à humanidade a imunidade para a doença que - segundo os muitos "especialistas" famintos de notoriedade - ameaçava de extinção a própria humanidade?

A promessa, passado este tempo todo, tem o mau sabor da publicidade enganosa, onde foram queimados milhões de euros saídos dos nossos bolsos por via da brutal carga fiscal que nos afecta. E de tal modo que já se fala em doses sucessivas das vacinas. Mais dinheiro para uns, menos para outros... numa ex-pandemia que só é mantida viva pela loucura dos testes.

O jornalismo, a existir, devia fazer o escrutínio desta situação. E, também, fazer perguntas. Mas como, se o dinheiro fala mais alto?

Veja-se, num excelente trabalho de quem faz jornalismo a sério, como o sacrossanto "Expresso" e a sensacionalista SIC e jornalistas (?) que aí trabalham recebem dinheiro das farmacêuticas. Pode esperar-se dessa gente o escrutínio das farmacêuticas, das promessas, de quem decidiu e de quem ganhou (das farmacêuticas ao conveniente Dr. Froes)? Nunca...

Os pormenores estão aqui, no Página Um, um projecto jornalístico independente e profissional, que não posso deixar de admirar (e de recomendar como leitura): "Expresso e SIC Notícias têm agora nas farmacêuticas um ‘ventilador financeiro’".






domingo, 5 de junho de 2022

Empresa de Vítor Marques, presidente da Câmara Municipal, com negócio exclusivo numa iniciativa da Câmara Municipal a que Vítor Marques preside


O Oeste Lusitano, que se realizou nos dias 27, 28 e 29 de Maio deste ano em Caldas da Rainha é um certame que visa promover e divulgar os cavalos puro-sangue lusitanos, organizado pela Associação de Criadores do Puro Sangue Lusitano do Oeste com a parceria da Câmara Municipal das Caldas da Rainha. 

Os seus materiais de promoção apresentam, sem explicitar o grau de apoio concedido ao certame, o leque das várias entidades que colaboram com esta iniciativa. 

No alinhamento aparece, em primeiro lugar, a Câmara Municipal de Caldas da Rainha, em segundo lugar a Associação de Criadores do Puro Sangue Lusitano do Oeste, em terceiro a Rodoviária do Oeste e, em quarto, a empresa A. Marques, Lda.







A Câmara Municipal de Caldas da Rainha é presidida, há nove meses, por Vítor Manuel Calisto Marques, empresário.





Quando se procuram informações sobre a empresa A. Marques, Lda., distribuidora de bebidas, encontra-se uma página (https://www.amarques.pt/page1.html) onde Vasco Manuel Calisto Marques figura em lugar de destaque.





Não se sabe qual é a função que o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha detém na empresa A. Marques, Lda., mas o destaque que aqui lhe é dado sugere que a função é importante.

Numa entrevista ao "Jornal de Leiria" em 11.12.2021, pode-se ler, sem que se perceba a que empresa se refere, que o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha "tirou uma licença" desde Outubro de 2021 sem que os filhos e a esposa deixassem de trabalhar nessa "empresa familiar".

Será a A. Marques, Lda.?





Esta manhã, enviei um e-mail à A. Marques, Lda., onde pedia informações sobre o cargo e as funções do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha nessa empresa. A empresa não respondeu. 

A situação, por efeito dessa falta de resposta, torna-se realmente pouco transparente.






E o facto de a situação não ser transparente torna ainda mais estranho o episódio a que a página do Facebook Caldas Mornas aludiu a respeito do Oeste Lusitano no passado dia 1 de Junho:





Dois dias depois, a Caldas Mornas divulgou parte de um e-mail oriundo da Associação Criadores PSL Oeste Oeste com data de 8 de Maio deste ano onde se afirma, com toda a clareza, que a "exclusividade das bebidas (...) ficou a cargo da empresa A. Marques, Lda.", indicando dois números de telefone, um dos quais o número de telefone fixo que aparece na página da empresa. 





Em termos práticos, a ser verdade, isto significa que a empresa que pertence ao presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha apoia e retira benefícios comerciais, receitas ou lucros, de uma iniciativa que a própria Câmara Municipal de Caldas da Rainha co-organiza.

Esta manhã enviei também um e-mail ao remetente deste e-mail citado, a pedir a confirmação da informação sobre a exclusividade, mas não tive resposta. 











Actualização (em 1.03.2023)

Até esta data nenhuma das entidades a quem me dirigi, para esclarecer as dúvidas, legítimas, sobre o eventual favorecimento da empresa citada, me respondeu nem, que eu saiba, prestou qualquer esclarecimento público que possa servir para tornar esta situação devidamente transparente. 

As dúvidas que expressei, sobre esta questão, e não só, adensam-se com a falta de esclarecimento. 

Não posso, por isso, alterar qualquer pormenor deste post (tal como não devo fazer das minhas dúvidas suspeitas expressas ou afirmações que não tenham fundamento).