O jornal on line "Página Um", um projecto jornalístico independente dirigido pelo jornalista Pedro Almeida Vieira, é o único meio de comunicação que suscita um problema de saúde público que é especialmente grave neste momento: um óbvio excesso de mortalidade que não parece explicável.
E começou por fazê-lo deste modo: «(...) Pela primeira vez desde que existem registos diários, não houve ainda qualquer dia de Junho deste ano abaixo dos 300 óbitos. Aliás, em anos anteriores, raros foram os dias acima dessa fasquia. Por exemplo, todos os dias da primeira década de Junho dos anos de 2010, 2011, 2012, 2014, 2015, 2017 e até de 2021 nunca ultrapassaram os 300 óbitos.
A mortalidade nesse período, entre os anos de 2009 e 2021, situou-se entre os 2.387 óbitos (em 2011) e os 2.840 (2016). Até este ano, o valor máximo diário tinha sido registado em 5 de Junho de 2018, com 314 mortes. Na passada quarta-feira, dia 8, contabilizaram-se 362 mortes.
Este excesso de mortalidade está, porém, exclusivamente concentrado na população mais idosa, a partir dos 65 anos, e sobretudo nos maiores de 85 anos, que têm sido continuamente flagelados desde o início da pandemia.
Segundo a análise do PÁGINA UM, a mortalidade nos maiores de 85 anos registou, nos primeiros 10 dias de Junho, um aumento de 42% face à média do último quinquénio – ou seja, morreram 1.540 pessoas, quando a média se situava nos 1.085. Esta situação mostra-se ainda mais assombrosa tendo em conta a “sangria” já decorrente de dois anos de pandemia, em que este grupo etário foi o mais flagelado. (...)»
Dois dias depois, o "Página Um" deu mais uma informação, sugerindo uma explicação que parece racional.
«(...) O número de óbitos em Maio e Junho assemelham-se aos de dias de Inverno, e não existe uma explicação para tamanha mortandade, uma vez que na Primavera as doenças fatais do sistema respiratório e circulatório causam menos vítimas. Do que estão a morrer os portugueses, um dos povo mais vacinados do Mundo contra a covid-19?
Em 2022, o excesso de mortalidade em Portugal é já estrutural, e todos os indicadores mostram que se prolongará. A culpa não é directamente da covid-19, mas aparentam, cada vez mais, ser de factores decorrentes da gestão da pandemia que terá exacerbado outras doenças não relacionadas com a sazonalidade. (...)» (https://paginaum.pt/2022/06/14/ate-13-de-junho-em-media-ha-61-dias-com-menos-de-300-obitos-este-ano-so-tivemos-um-dia/)
Ou seja, há um problema que deve ser estudado e não varrido para debaixo da carpete, como estão a fazer a imprensa, em geral, a Direcção-Geral da Saúde, o Ministério da Saúde, o Governo e, comentador de tudo e de nada, o Presidente da República.
É possível que o excesso de mortalidade possa ser atribuído ao encerramento dos cuidados de saúde para tudo o que não era covid, às consultas, exames, rastreios e operações que ficaram por fazer. Mas também é possível que, por exemplo, se deva ao modo como foram isolados milhares de idosos, quase sem contacto com outras pessoas e com o exterior, ao modo como a repugnante máscara lhes deu cabo das resistências... e, ainda, às vacinas. Porque esta camada etária, acima dos 80 anos, até já levou a 3.ª dose. E é a que está a morrer mais.
A gestão das consequências de uma pandemia que nem sequer teve a gravidade que lhe assacaram e do próprio Serviço Nacional de Saúde, como agora se tem visto, foi catastrófica. O excesso de mortalidade demonstra-o e convida a que se designe já por assassina aquilo a que até agora se podia realmente chamar catastrófica.
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(Actualização)
O "Público" só descobriu hoje, sexta-feira, dia 17, que este problema existia. Mais vale tarde do que nunca.
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