segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O "Observador" não observa o diálogo com o leitor, desmentindo o que afirma

Às 18h16 de ontem enviei este e-mail, que não foi rejeitado, para o endereço de e-mail leitor@observador.pt, indicado como forma de contacto dos leitores com o jornal on line "Observador". Vinte e quatro horas depois, tempo mais do que suficiente para um qualquer jornalista em cargo de direcção e/ou de chefia justificar uma opção editorial, não tive ainda resposta. Justifica-se, assim, a sua publicação.

[Do próprio "Observador": Estamos sempre prontos a conversar com os nossos leitores. Se tiver sugestões, correções, ideias ou dúvidas, fale connosco em leitor@observador.pt.]



1. À hora a que vos escrevo (17h35, de 14 de Novembro de 2021) estão registadas, só no dia de hoje, 181 mortes em Portugal.

2. Ontem, dia 13 de Novembro de 2021, morreram em Portugal 334 pessoas.

3. Anteontem, dia 12 de Novembro de 2021, morreram em Portugal 286 pessoas.

4. Estes elementos estão contidos num portal da DGS com a designação de Vigilância de Mortalidade (https://evm.min-saude.pt/).

5. Diariamente, o "Observador" tem vindo a noticiar o número de mortes que teriam sido provocadas pela doença covid-19. Hoje, foram 15. Ontem foram 8. Num universo, como atrás saliento, de, respectivamente (tomando apenas a data da notícia, sem que se perceba se os 15 hoje noticiados são de ontem e se os 8 de ontem são de anteontem), 286 e 334 pessoas mortas. A notícia abre deste modo: 

Boletim DGS. Número de mortes quase duplicou em 24 horas. Os números são muito inferiores ao de outros momentos da pandemia, mas em 24 horas o número de óbitos quase duplicou, subindo de 8 para 15. 

6. Penso que, pelo menos numa perspectiva racional de senso comum e de bom senso, a gravidade de uma doença deverá aferir-se pelas mortes que provoca. Se procurarmos as causas específicas de morte, podemos ver que, em 2019 (https://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela), as três primeiras causas de morte em Portugal foram as "Doenças do aparelho circulatório" (29,9 por cento), os "Tumores malignos" (24,8 por cento) e a "Diabetes" (3,4 por cento). Nesse ano, em 2019, morreram 310, 299 e 315 pessoas nos dias 12, 13 e 14 de Novembro, respectivamente.

7. Sem contestar a divulgação do "body count" da DGS, que pode ser noticiado em tons e estilos variados, não posso deixar de constatar que o "Observador" adopta um tom e um estilo de alarme social que é completamente desajustado da realidade. E o resultado só pode ser um, objectivamente: contribui para aumentar o estado, bem visível e objectivo, de pânico em que vive (?) a maioria da população. É um verdadeiro exercício de terrorismo, de criação de terror. E porquê?

8. Isto também faz com que todos os outros mortos se tornem insignificantes. Não existem no universo do "Observador", não são relevantes, não são vidas perdidas, não têm dignidade... É como se nem sequer existissem. São mortes inomináveis. E porquê?

9. E, já agora, olhando para a História e para a história do vírus SARS-CoV-2, não se pode pensar que ele está endémico e que os "novos casos" (que não se traduzem mais mortes nem em mais internamentos) existem porque, como sempre aconteceu com todas as epidemias, o patógeno está endémico, no quadro da imunidade de grupo naturalmente adquirida? Consegue o "Observador" ir além dos pressupostos da ciência oficial?

Conseguirá o "Observador" responder às minhas perguntas (que nem devem ser só minhas)?


*

Conheci, na década de 90, uma das pessoas que, pela posição que ocupa no "Observador" (e a quem não quis escrever directamente), me poderia ter respondido. 

Era uma pessoa racional, capaz de pensar e de raciocinar e extremamente profissional como jornalista. Hoje não sei.





1 comentário:

Joaquim Ramos disse...

Do que escreveu, permita-me destacar: "Isto também faz com que todos os outros mortos se tornem insignificantes".
Está tudo dito.
Boa tarde.