Durante parte do ano, abrangendo pelo menos o Verão, mora aqui nesta zona um casal alemão, talvez na casa dos cinquenta, que tem dois cães negros, aparentados com labradores, muito calmos e nada agressivos. Os dois cães, normalmente à solta, são passeados de manhã e ao fim da tarde.
Se os cães não são agressivos e os seus donos têm sempre uma expressão de simpatia e de cortesia, a grande Elsa incluiu os dois cães na sua lista de ódios e, embora mais controladamente, mostra-se sempre muito agressiva.
Não é possível, por vezes, impedir que os nossos caminhos se cruzem. A Elsa e a pequena Joaninha (que também fica furiosa) ficam bem seguras, os dois cães são postos à trela e o casal, ou quem dos dois os passeia, segue o seu caminho.
Mas, na maior parte dos casos, vemo-nos à distância. E aí, numa cordialidade espontânea, quem primeiro vê que vêm aí os outros é que quem faz meia-volta e procura outro caminho.
Hoje, ao fim da tarde, deparei-me com os cães e com a dona e lá puxei as minhas cadelas para um atalho... onde fui encontrar, minutos depois, a dona dos cães e os seus cães que também recuara e que, ao ver-nos, soltou uma gargalhada bem-humorada. E eu apressei-me a dar meia-volta, outra vez, e a recuar. Sem nenhum problema, porque sei que eles fariam o mesmo. De longe, mais tarde, trocámos acenos.
Esta atitude é relativamente comum no relacionamento com os estrangeiros que por aqui vivem, ou passeiam, e que têm cães, e é uma atitude que até agora só consigo encontrar numa vizinha portuguesa, que também passeia a sua cadela, para grande desagrado das minhas.
A isto chama-se civilização.
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