sábado, 26 de março de 2016

"Ray Donovan": Myron Bolitar em versão "lado negro da Força"





Ray Donovan (Liev Schreiber, "calmo, frio, com ligações") é uma espécie de réplica maligna da famosa personagem de Harlan Coben, Myron Bolitar, mas na sua versão mais sinistra. Bolitar é um agente desportivo. Mas Donovan é um agente... de tudo. Um facilitador, um negociador e um mestre de expedientes no mundo dos famosos e dos poderosos de Hollywood. O seu arranque, no modo como Donovan resolve, misturando, os problemas de duas "estrelas", é magistral.
Criada por Ann Biderman (argumentista e criadora da malograda série "Southland"), "Ray Donovan" é mais uma das muitas séries da televisão dos nossos dias a ganhar pontos nos domínios da criatividade, da representação e da abordagens das várias realidades sociais em que o cinema tem, de certa forma, perdido terreno.
É também uma crónica familiar (como "Os Sopranos" ou "Sons of Anarchy"), onde Ray Donovan se vê emaranhado nos problemas da sua própria família (mulher e dois filhos adolescentes), dos seus irmãos disfuncionais e de um pai que também parece ser oriundo do "lado negro" do seu mundo: Mickey Donovan, interpretado por Jon Voight, que domina cada cena em que aparece.
"Ray Donovan" seguiu uma dada direcção nas primeira e segunda temporadas mas, à terceira, depois de Ann Biderman se distanciar, mudou de ritmo e corrigiu o seu rumo.
Ray Donovan ficou quase como mais um dos muitos detectives particulares de métodos sombrios que habitam a ficção americana mais do que um Myron Bolitar "from hell". Mas isso, sobretudo depois dos primeiros episódios, não prejudica o desenrolar da história.
As três primeiras temporadas são de grande qualidade. A quarta temporada começa no Outono deste ano.

("Ray Donovan" passou no canal de televisão por cabo TV Séries. Vi as três temporadas em DVDs legalmente adquiridos, em edições Showtime.)


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