O preço da água aumenta este ano no concelho de Caldas da Rainha. Para a Câmara Municipal, é um aumento "só" de 4,8 por cento em média e, garante o presidente camarário que infelizmente nos calhou, um aumento de "aproximadamente" um euro (1€) para 90 por cento dos clientes.
Pode haver um milhão de justificações teoricamente bondosas para este aumento mas, em termos políticos, nada o justifica. A começar pelas perdas registadas (só as registadas) de água da rede pública que é responsabilidade dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento: 37 por cento.
Ou seja, da água comprada pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha à Águas do Oeste, há 37 por cento que se perde e, como tal, não é paga. Isto significa má gestão e incompetência. Mas, para a Câmara Municipal de Caldas da Rainha, significa um aumento do preço.
Vamos a um único exemplo prático, a que já aqui me referi, e que é prática velha: durante cerca de três semanas houve uma ruptura séria na rede pública numa rua do interior. Os Serviços Municipalizados foram avisados, a reparação demorou a fazer-se... e foi feita à noite (e já me garantiram que seria uma prática corrente porque esse trabalho é pago como "horas extraordinárias").
Duas semanas depois, o pavimento está por reconstruir e já pouco resta da rua.
Para que servem as oposições?
A decisão de aumentar o preço da água esconde uma falácia: o P.V.P. da água até pode aumentar pouco mas o valor final da factura não inclui apenas esse aumento; inclui também o aumento das parcelas das várias taxas que, no fim, correspondem em geral a 50 por cento do valor da factura. Ou seja, há um aumento duplo: do preço da água e, por percentagem, das taxas cuja verdadeira utilidade nunca se percebeu.
Este aumento é o melhor símbolo do estado a que as coisas chegaram, politicamente, neste concelho, e a menos de dois anos de novas eleições autárquicas.
Neste caso, o PS, o CDS e o PCP votaram em conjunto contra o aumento do preço da água (o que me parece ser inédito) da câmara PSD e o MVC deu um novo passo no seu processo autofágico e votou a favor (a prenunciar, ao que se diz, a sua absorção pela candidatura do PSD em Setembro de 2017).
Além deste aumento, que na prática serve para cobrir o prejuízo das perdas de água de uma rede pública em decomposição, o ano de 2016 traz consigo a continuação da incompetência de que este câmara tem dado mostras: obras mal feitas na capital do concelho com o interior votado ao abandono, projectos falhados (como é o caso do ridículo estacionamento subterrâneo que era a "jóia da coroa" da Câmara), ausência de iniciativas para a reabilitação do concelho e a canalização de todos os recursos para o "buraco" camarário que vai ser o futuro do hospital termal entregue a esta gente.
Tem sido assim graças também ao défice de atenção de que vão fazendo prova as oposições no teatro que representam no pequeno palco da elite política da capital do concelho. Até quando?
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