25 de Abril e Liberdades, Ambiente e Alterações Climáticas, Assuntos Constitucionais, Cidadania Sénior, Cidades e Desenvolvimento Territorial, Combate à Pobreza e Exclusão Social, Conhecimento, Cultura, Desporto, Diáspora, Economia e Inovação, Igualdade de Género e Combate às Discriminações, Juventude, Língua Portuguesa, Mar, Movimentos Sociais e Cidadania, Segurança e Defesa, Serviços Públicos, Trabalho, União Europeia.
O que significa este conjunto de palavras, algumas delas combinadas entre si? Tudo e mais alguma coisa. Etiquetas sociais e/ou políticas. Problemas por resolver ou resolvidos. Enumerações de temas de relevância… bem, generalizada ou só em parte?
Isto são “causas”. E estas “causas” (problemas resolvidos, por resolver ou assim-assim?) saem directamente do programa ou, melhor, para sermos rigorosos, do site da candidatura presidencial do antigo reitor universitário Sampaio da Nóvoa.
Se o que lá estão a fazer, por si, não é compreensível, a única explicação para a enumeração das ditas “causas” é a possibilidade de associar a cada uma delas um homem e uma mulher que, sob a tutela de outro homem e de outra mulher, aparecem no dito site como “mandatários das causas”. Embora não haja explicação para o que significa, por exemplo, ser-se “mandatário da causa” do 25 de Abril e das Liberdades, dos Assuntos Constitucionais, da Diáspora, da Segurança e Defesa ou da União Europeia.
No seu conjunto encontram-se entre estes pitorescos “mandatários” uma impressionante quantidade de “ex” e “líderes”, actrizes, dois realizadores de cinema, muitos professores, dois militares, diversos “especialistas”, um “maratonista”, um comendador, administradores da Fundação Gulbenkian, um subdirector e até um “sócio fundador de 10 empresas de desenvolvimento e inovação tecnológica”. Como dedicarão os valiosos conhecimentos geralmente aprendidos no Estado às “causas” é que não se sabe.
Nem terá de se saber porque, na prática, o que estes “mandatários das causas” fazem é compor (com episódico proveito para os próprios) uma outra versão do que seria a sua simples presença numa eventual comissão de apoio ao candidato. Ou seja, em termos práticos, aparecem para convencer os respectivos parceiros, amigos, sócios, familiares, a irem votar no candidato.
E salvo se esta coisa das “causas” revelar vida própria até ao dia 24 deste mês (e tudo parece possível nestas eleições presidenciais), não se pode dizer que a bandeira das “causas” corresponda a qualquer vontade sincera de… resolver problemas?
Além disso, a coisa tem duas falhas monumentais: uma delas é a ausência de um terceiro mandatário (LGBT) que evitasse a divisão sexista que se traduz num mandatário homem e num mandatário mulher e mais nada; e outra é a ausência de uma causa de apoio ao bom tratamento dos animais domésticos e de combate ao seu abandono e aos maus-tratos de que são vítimas.
E isso apenas porque a demagogia consegue quase sempre ser mais clamorosamente imperfeita do que a sinceridade.
(Publicado em13.01.16 no Tomate.)
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