terça-feira, 26 de janeiro de 2016

12 apontamentos sobre as eleições presidenciais


Cavaco Silva – Teve dois mandatos dignos, deixa Belém a um Presidente diferente no estilo, na formação e na prática política. Marcelo Rebelo de Sousa é um bom sucessor de Cavaco, com a vantagem de ser jurista e especialista em direito constitucional.

BE – Os bons resultados do BE nas legislativas e agora nas presidenciais não são estruturais. A amálgama trotzkistas – maoístas não garante um “bloco” homogéneo para sempre.

“Espelho meu…” – Todos os nove candidatos perdedores foram dizendo que iriam à segunda volta ou que chegariam mesmo a vencer já ontem. Acreditariam mesmo nisso, precisariam de o dizer para se afirmarem pessoalmente e robustecerem psicologicamente, tiveram maus conselheiros ou havia motivos, insondáveis mas talvez legítimos, para insistirem na afirmação?

Henrique Neto – O resultado de 0,8 por cento é muito mau, remetendo-o para esse cadinho de derrotados de fim da linha. Não merecia mas a democracia é assim. 

Marcelo Rebelo de Sousa – Teve um triunfo pessoal e político. Quem não concordou com o golpe de Estado parlamentar do PS não pode deixar de se sentir vingado com a sua eleição. O seu discurso de vitória foi ambivalente, como se tivesse gostado do triunfo mas receasse os cinco anos de mandato que o esperam. Se lhe correr tudo bem, talvez não se recandidate a um segundo mandato.

Paulo de Morais – O caudilhismo demagógico só seduz os ingénuos (e as ingénuas). Se tivermos sorte, pode ser que o trambolhão político que sofreu o devolva às profundezas e o obrigue a pensar. E a mudar de corte de cabelo.

Paulo Portas – Vai ser o senhor que se segue daqui por cinco anos?

PCP – A versão comunista de Alberto João Jardim, tão trauliteiro como o original, conseguiu ficar à frente de Tino de Rãs. É obra. Jerónimo de Sousa ficou oficialmente satisfeito. Os militantes do PCP, portanto, também têm de ficar oficialmente satisfeitos. Só destoa a “boca” foleira da “candidata engraçadinha” mas fica visível que as foleirices da “esquerda” é que são boas. 

Pedro Passos Coelho – Interveio à sua maneira, felicitando o “Professor Rebelo de Sousa”, com a reserva que lhe é inerente. Esteve neste triunfo e não esteve. É de esperar que a sua breve declaração seja um tiro de aviso e um sinal de que vai regressar.

“Portugueses e portuguesas” – Talvez fosse bom inovar nesta fórmula tão pernóstica. Não há erro nenhum em dizer só “portugueses”. E quando um dia ficar consagrado o “terceiro sexo”, como é que os políticos vão dizer?

PS – Este partido (e não o esqueçamos: este PS de António Costa) foi um dos grandes derrotados das eleições presidenciais. Dividiu-se entre dois candidatos e o resultado (em percentagens) foi inferior ao das eleições legislativas. Se o mau resultado de Maria de Belém foi demasiado mau para fazer mossa na “nomenklatura” bramanista de Costa, o débil resultado de Sampaio da Nóvoa não serve de cimento para a camarilha de flibusteiros que agora domina o partido e o Governo.

Sondagens – Nas eleições legislativas, a tendência geral das sondagens foi a de uma vitória da coligação PSD/CDS. Nestas eleições presidenciais, a tendência geral das sondagens foi a de uma vitória de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta. Os resultados, nos dois casos, confirmaram as respectivas tendências. “As sondagens valem o que valem”? Convinha começar a pensar em adaptar o discurso.


(Publicado no Tomate.)
 
 

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