Não há jogos de palavras que iludam o facto fundamental: o eleitorado, em 4 de Outubro, escolheu para governar a coligação PSD/CDS e não a mistura PS/BE/PCP. Podia tê-lo feito, se a mistura tivesse sido coligação. Podia, até, ter dado a maioria absoluta ao MRPP.
Daqui decorre um outro facto que também não pode ser iludido: a legitimidade do PS, do BE e do PCP para governarem (dentro, fora ou encostados ao poder) é constitucionalmente límpida. Politicamente não o é. O golpe de Estado, a reviravolta imposta, neste caso, não é constitucional mas político. Embora possa ter efeitos na esfera constitucional.
A ilegitimidade de uma opção política, de regime, que não corresponde à vontade do eleitorado, só se resolve de uma maneira: novas eleições legislativas, para o eleitorado poder confirmar a opção pela coligação PSD/CDS ou por uma eventual coligação PS/BE/PCP.
A realização de novo acto eleitoral exige uma alteração da Constituição e foi isso que Pedro Passos Coelho propôs, para permitir esse tira-teimas. Mostrando que o PSD e o CDS não têm medo de enfrentar novas eleições.
O PS, o BE e o PCP recusaram a proposta. Mostraram, desse modo, que não querem sequer legitimar politicamente a sua união. Ou seja: tiveram, e têm medo, de que o eleitorado rejeitasse a sua aventura.
Na Grécia, depois de ter engolido o orgulho e uma nova fase de austeridade, o Syriza (o bem amado Syriza do PS e do BE) não teve medo de fazer novas eleições que, apesar dessa capitulação, lhe deram nova maioria.
É significativo que António Costa e o PS não tenham a coragem que Alex Tsipras e o Syriza mostraram ter. A isto chama-se cobardia.
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