quarta-feira, 25 de junho de 2014

Vinhos do Dão - entre a prova e o beber à borla

A propósito do meu post "Vinhos do Dão - vender marcas ou vinho?", interveio, comentando, Paulo Nunes, da Casa da Passarella (de Lagarinhos, Gouveia), que afirma sobre o que escrevi relativamente à prova de vinhos por parte de compradores (e respeitando a construção original da frase): "Relativamente à prova em 2013 desenvolvemos uma serie de servicos que passam pelas provas e jantares, serviços esses que são pagos como deve compreender, percebemos e entendemos o seu ponto de vista relativamente ao produtor disponibilizar umas serie de vinhos de forma gratuita para prova, no nosso caso isso não acontece, essas provas tem um programa estabelecido o qual tem um custo inerente."
Esta nota é significativa no que se refere ao contacto com os clientes.
O Dão é uma das regiões vinícolas mais antigas de Portugal mas talvez seja uma das menos conhecidas em termos de público, apesar do esforço dos seus produtores, da qualidade generalizada dos seus vinhos e da importância que lhe advém de ser o território de eleição da casta Touriga Nacional.
Não é pela multiplicação de marcas, como escrevi, pela invisibilidade (o site da Casa da Passarella, que pode ser visto aqui, pode ser muito imaginativo mas é praticamente incompreensível) ou pela rejeição dos clientes que o Dão pode ter o destaque que merece.
Muito dos seus produtores têm sensibilidade para conhecer os seus clientes, conversar com eles e perceber a sua curiosidade, o seu gosto e o seu respeito pelo vinho e pelo trabalho dos que o fazem.
Os vinhos do Dão não ganham com garrafas fechadas mas sim com garrafas abertas e com uma política de abertura razoável e amiga do consumidor.
Quando me desloco ao Dão, desloco-me para saber o que há e para comprar o que não se encontra nos supermercados. Não me desloco para beber à borla, porque não preciso, porque respeito o trabalho alheio e porque não é assim que se pode apreciar o vinho.
Se tenho certezas ou algumas informações, tenderei a comprar. Se provar e gostar com certeza que compro. E na Casa da Passarella em 2012 comprei sem provar porque já conhecia os vinhos que aí se fizeram, e faziam, há mais de vinte anos. E até gostei do que comprei, de duas qualidades.
Se os produtores partem do princípio de que quem pergunta se pode provar o vinho quer beber à borla (como se depreende da reacção da Casa da Passarella), está o caldo entornado. Há esse risco mas tem de ser assumido pelos produtores. Porque vender é uma possibilidade e o que está garantido, à partida, é que não conseguirão vender.
E, já agora, uma recomendação à Casa da Passarella: esclareçam bem quais são, como são e o que custam, os "serviços" de "provas" e de "jantares". Apesar de tudo, ainda acredito que os seus vinhos merecem uma maior clareza de propósitos.
 

2 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde, uma vez mais agradeço o seu tempo empregue neste post.
Agradeço os seus adjectivos relativamente ao site, é com a opinião e a critica que poderemos construir um trabalho ainda melhor.
Quando diz:Os vinhos do Dão não ganham com garrafas fechadas mas sim com garrafas abertas e com uma política de abertura razoável e amiga do consumidor.
"Quando me desloco ao Dão, desloco-me para saber o que há e para comprar o que não se encontra nos supermercados. Não me desloco para beber à borla, porque não preciso, porque respeito o trabalho alheio e porque não é assim que se pode apreciar o vinho."
Foi precisamente a partir desta base no respeito absoluto pelos consumidores e pelo nosso trabalho, que desenvolvemos uma serie de serviços que privilegiam estes pontos: o respeito absoluto pelo consumidor e pelo nosso trabalho. Seria extremamente simples abrir uma garrafa e o consumidor provar, mas para nos será demasiado redutor, uma garrafa de vinho na Casa da Passarella tem muito mais do 0,75l de vinho, tem alma tem historia, e para isso precisamos de muito mais tempo, e é esse serviço que nos achamos por bem desenvolver.
Quanto à sua recomendação sobre a clareza desses serviços, agradecemos a sua recomendação, mas informamos que como é logico (nem poderia ser de outra forma) existe uma tabela de preços para esses serviços. Não vamos alongar mais comentários, estaremos sempre ao dispor.
O nosso agradecimento,
Paulo Nunes

Pedro Garcia Rosado disse...

Ficamos, portanto, sem conhecer serviços, preços ou vinhos ("existe uma tabela de preços para esses serviços"... onde?!). Possivelmente não precisam de clientes. Pelo menos de mim, como cliente, não precisam e eu pouparei nos quilómetros que faço para ir a Lagarinhos (sem saber se estão de porta aberta ou fechada), procurando outros produtores e outras opções. O assunto também por mim fica encerrado e só o reabrirei se encontrar algum vinho vosso em algum supermercado que me mereça algum comentário. Boa noite, e boa sorte.